Procurando não hostilizar o atual executivo camarário, Pedro Barata não só sublinha que “há de certeza milhentos problemas e só mesmo na Cultura há imensas instituições que têm problemas semelhantes ao nosso”, como afirma que os problemas de “falta de capacidade e de resposta” são já crónicos. “A primeira vez que reuni com alguém foi ainda no anterior mandato, com a vereadora Catarina Vaz Pinto, e na mesma altura, ainda nem sequer eu era presidente, foi-nos dito ‘a Câmara estava a tentar apagar uma quantidade de fogos e não há espaços’. Dando “de barato” que nesse período a AAM não se encontrava numa situação de emergência como a atual, o dirigente diz que “o efeito prático é o mesmo”. “Eu posso ter a maior condescendência para com este elenco camarário e com os anteriores, mas, no final, estamos a 10 meses e não tenho um espaço”, lamenta.
No que toca às instâncias do Governo, Pedro Barata revela que, da parte do Ministério da Cultura, as reuniões já se somam desde o anterior mandato governamental. “Há muito interesse no acompanhamento da nossa ação, inclusivamente em tentar junto de outros mistérios sensibilizar para a hipótese de haver alguma coisa, mas o Ministério da Cultura não tem património próprio e, portanto, o máximo que vai fazer é, se e quando houver essa oportunidade, exercer algum tipo de influência”, diz.
Já no que toca ao Ministério da Educação, o diretor da AAM diz ter finalmente conseguido uma reunião onde “pelo menos, houve a intenção de ajudar-nos, efetivamente, a procurar em tudo o que é património do Estado, seja do próprio ministério, seja de outras tutelas”. Uma das ideias, adianta, passa por “alguns espaços que o Estado Central vai libertar, com a centralização das Secretarias Gerais da Caixa de Depósitos”. “Esta primeira reunião correu muito bem e ficámos muito agradados com a forma como fomos recebidos, mas, até agora, são intenções”, afirma.
“Enquanto vou fazendo todas estas diligências, visto que não tive sequer um vislumbre de uma situação que pudesse ser compatível com a manutenção da Academia numa zona central, de Lisboa, já temos um monte de pessoas a procurar lugares que possamos comprar ou alugar. Sendo que, nessa situação limite, vamos para fora daqui da zona central e isso vai ter impactos extremamente negativos sobre a atividade da academia”, continua.
Em que sentido é que serão negativos? Aí entra-se numa questão espinhosa, que Pedro Barata diz não tratar-se de comodismo nem elitismo: o facto de que a AAM precisa de permanecer numa zona central de Lisboa, o que choca com a capacidade financeira da instituição (que, apesar de ter recuperado nos últimos anos, continua a ser a de uma entidade sem fins lucrativos). “Não é que sejamos uns elitistas e gostemos imenso de estar no Chiado, não tem nada a ver com isso. Tem a ver com o facto de que temos de estar num sítio central que tenha boas possibilidades de deslocação, porque temos permanentemente pais a virem entregar filhos aqui, temos professores que vão e vêm às escolas de patrocínio. Como no resto do país, os nossos professores são verdadeiros saltimbancos, andam com o seu trabalho às costas, em três ou quatro escolas onde dão aulas, na sua grande maioria”, diz o dirigente.