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A aula de Marcelo, a reconciliação de Aguiar-Branco e a polarização dos partidos. O primeiro 25 de Novembro no Parlamento – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 25, 2024

Do lado dos partidos, o tom foi tudo menos conciliador ou virado para os consensos. Boa parte do tempo foi passada a discutir de quem é, afinal, o legado do 25 de Novembro e a identificar quem são os perdedores e os vencedores da data – e, com a tensão a aumentar durante a intervenção de André Ventura, um grupo de deputados do PS optou mesmo por abandonar a sala.

Logo de início, o promotor da iniciativa, o CDS, quis defender a importância da data – “com o 25 de Abril ganhámos a liberdade, com o 25 de Novembro evitámos que se perdesse”, começou o deputado Paulo Núncio – com farpas contra o PCP e a extrema-esquerda, que acusou de ter visto a sua “tentação de um novo autoritarismo” condenada ao fracasso. Depois, e inaugurando as muitas acusações de “apropriação” da data que se ouviriam ao longo da sessão, assegurou: “Novembro não se fez contra Abril, fez-se contra aqueles que se apropriaram de Abril”.

Mais violenta seria a intervenção do Chega. “Sem esquecermos o 25 de Abril, este é o verdadeiro dia da liberdade”, atirou Ventura, falando em duas ameaças: na altura, a ameaça de uma “ditadura soviética”; agora, a de uma “imigração descontrolada” – chegou mesmo a relacionar o número de casos de violação contra mulheres com o aumento de imigrantes, o que levou a que um grupo de deputados do PS, incluindo António Mendonça Mendes, Eurico Brilhante Dias ou Isabel Moreira, saíssem do hemiciclo, recusando ouvir o resto da intervenção. Ventura aproveitou para lançar ataques à “bandidagem”, que associou aos bairros junto às cidades de Lisboa e do Porto, e à corrupção, concluindo: “Esta democracia não nos serve”. O líder do Chega fez ainda um gesto dirigido às bancadas mais à esquerda – a do PCP estava vazia, em protesto contra a comemoração, e na do Bloco de Esquerda só se sentava Joana Mortágua – garantindo que já começou a fazer uma “limpeza” na política portuguesa.

Ainda à direita, a Iniciativa Liberal também reservaria palavras duras para os partidos mais à esquerda, argumentando que Ramalho Eanes e Mário Soares também “não procuraram consensos com quem não amava a liberdade” e defendendo que esta cerimónia representou uma “nova derrota dos que foram derrotados no 25 de Novembro”, ou dos “totalitários”. O líder dos liberais lembrou os casos de saneamentos e censura durante o PREC e acabou a atacar o “wokismo”, uma nova “deriva totalitária”, antes de rematar: “Viva a liberdade! Fascismo e comunismo nunca mais!”.

Menos inflamada seria a intervenção do PSD, feita pelo deputado Miguel Guimarães, que de início quis destacar que o 25 de Novembro simboliza “o triunfo da moderação sobre o extremismo”. O antigo bastonário da Ordem dos Médicos argumentou que a data deve servir para “unir e não dividir” e não “apouca o 25 de Abril” – por isso, criticou a ausência do PCP e elogiou o papel desempenhado por Freitas do Amaral, Sá Carneiro e Mário Soares durante o PREC e o 25 de Novembro. “O 25 de Novembro cumpriu Abril”, acabou por rematar.





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