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a despedida de Varandas a um treinador de saída sem anunciar o treinador que vai entrar – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 2, 2024

Ao longo do tempo, Frederico Varandas foi aprendendo a vários níveis. Entre todos esses ensinamentos, o poder das imagens que valem mais do que mil palavras. Foi assim quando, em plena “guerra” de clubes entre Sporting e Manchester United a propósito dos valores e dos timings de saída de Rúben Amorim, passou pelos jornalistas à porta da Academia a fazer o seu jogging como se nada se estivesse a passar e a falar do tempo. Foi assim quando, na receção ao Estrela da Amadora umas horas depois da confirmação da saída do técnico a 10 de novembro, surgiu ao lado do seu timoneiro à saída do autocarro e a caminho do balneário. E até foi a partir da “imagem” que o presidente dos leões começou a falar após a conferência de Amorim.

Como o técnico tinha dito uns minutos antes, o tempo cura tudo. O anúncio interno de que Rúben Amorim estava apostado em sair para o Manchester United mesmo não podendo terminar a temporada como tinha sido falado sempre com a estrutura causou mossa. Não foi fácil. Gerou tensão. No entanto, e agora que tudo está resolvido, sobrou no discurso para fora o mais importante para ambas as partes: colocar o foco no que foi construído, ganho e projetado ao longo de cinco anos, sem deixar de repetir as palavras do técnico ao destacar que as reações que os adeptos pudessem ter, boas ou más, são respeitáveis na mesma proporção.

“É verdade que as negociações com o Manchester United foram difíceis mas estas marcas que tenho na cara não se devem a isso, apenas tive que tirar alguns sinais e neste caso o meu colega dermatologista não foi muito simpático…”, começou por ironizar o líder leonino. “Confirmo que no final da última época e no início da atual Rúben Amorim considerou que seria a altura de fechar um ciclo de cinco anos, com muito desgaste. Os adeptos têm o privilégio de viver o presente, nós temos de projetar o futuro. Não é o que queríamos, é uma decisão do treinador que respeitámos e respeitamos e antecipámos aquilo que iríamos fazer no final da época”, referiu, sem explicar a forma de “anular” o último ano de contrato que Amorim tinha.

“Obviamente que esta chegada do Manchester United não era o que queríamos. A decisão do treinador foi outra, que era o momento de ir. Apenas antecipámos em sete meses tudo aquilo que estava preparado. Bem sei toda a emoção que envolve a indústria do futebol, por isso é que ele é único. Entendemos todas as reações quando se fala de paixão. De facto, por mérito dele, o nosso treinador criou uma relação muito forte com todos os nossos adeptos. Quando há paixão, há irracionalidade. Quando estamos aqui sentados, tentamos ser racionais”, prosseguiu Varandas, antes de enumerar os méritos conseguidos pelo técnico.

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“Quando olho para Rúben Amorim, vejo o segundo treinador com mais jogos pelo Sporting e um enorme treinador do Sporting. Sejamos grandes e, nesta casa, trataremos sempre bem quem nos fez bem. Ao Rúben Amorim, reconhecemos muita dedicação, trabalho, profissionalismo, muitas batalhas. Com todo o respeito pela carreira dele enquanto jogador, tenho a certeza que daqui a muitas décadas será recordado como treinador. Foi o Sporting que arriscou num treinador que tinha apenas oito jogos no Campeonato. O que fica para a história é que o Amorim terá sempre um selo de Sporting na sua vida e também a história do Sporting terá para sempre um selo de Amorim, um dos melhores treinadores da nossa história. Enquanto presidente, desejo as melhores felicidades desde 11 de novembro. Obviamente que a cor das camisolas não vão ajudar… Mas estamos muito gratos por tudo o que fez e por nos ter ajudado a reerguer”, salientou.

“Percebo, e já ouvi muitas opiniões sobre isso, que o ideal era sair já. Respeito essas opiniões mas ninguém conhece melhor do que eu o meu treinador e os meus jogadores. Reconheço o seu profissionalismo. Sei que tanto ele como os meus jogadores querem ser bicampeões”, respondeu depois na primeira questão feita, neste caso com intervenção mais curtas, mais lacónicas e que em nenhum momento confirmou o nome de João Pereira como futuro treinador do Sporting, mantendo essa espécie de tabu até dia 11 de novembro.

“O treinador será sempre a peça chave do processo desportivo. Rúben Amorim era a nossa peça chave porque era o meu treinador, o próximo treinador será igual. O futuro treinador do Sporting será anunciado no dia 11 de novembro. Se era a mesma solução que estava a ser preparada? Sim, é exatamente a mesma solução. A solução que vão conhecer no dia 11 de novembro era a mesma que estava preparada para o verão. Valor baixo na saída? Eu sei que o Rúben Amorim foi um fenómeno e que será das poucas transferências em que se conta o IVA e até as portagens… Pela primeira vez, o Sporting coloca um treinador num dos colossos do futebol europeu. O que me custava era pagar dez milhões para mandar embora”, frisou o líder leonino, naquilo que pareceu ser uma “farpa” ao rival Benfica e à situação ainda não acertada com Roger Schmidt.

“Como vai o grupo reagir com a permanência até ao jogo em Braga? Em relação a isso, eu acho que hoje a equipa esteve muito nervosa, especialmente o Viktor [Gyökeres]… Esteve muito nervoso hoje. Cláusula? Era o que tínhamos salvaguardado no contrato. Não vou entrar em detalhes. Se é barato ou caro, é um treinador que nos deu o que deu. Valorizou o nosso plantel em três ou quatro vezes e, pelo que li hoje, vai estar no top 5 dos treinadores mais caros”, rematou Frederico Varandas no auditório Artur Agostinho.





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