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a despedida em lágrimas de Nadal – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 20, 2024

Até na despedida, foi o maior de todos. Quando Marcel Granollers não conseguiu devolver aquela bola que tinha sido autenticamente disparada por Botic van de Zandschulp para evitar qualquer possibilidade de um amortie na rede, a carreira de Rafa Nadal tinha chegado ao fim. No entanto, e mais uma vez, o espanhol foi um exemplo de como agir. Desalentado, com um olhar perdido, deixou uma palavra aos companheiros de equipa que tinham perdido o jogo de pares, consolou Carlos Alcaraz e deu o palco aos jogadores dos Países Baixos para fazerem a festa e falarem para centenas de adeptos neerlandeses presentes. Eles tinham ganho, eles mereciam, os holofotes deviam ser deles. A organização tinha sempre preparada uma homenagem para esta noite em Málaga mas Wesley Koolhof ganhou um crédito extra na Taça Davis. O espanhol, nem por isso.

Ninguém quis arredar pé. Já depois da meia noite, começou o momento do “grande protagonista da noite”. Com luzes apagadas, a homenagem começou com a narração em lágrimas de uma das centenas de triunfos de Rafael Nadal Parera. Os familiares já choravam nas bancadas, o recinto colocava a frase “Gracias Rafa” nos ecrãs, os cartazes de “Para siempre, Rafa” vinham pintados de vermelho e amarelo como a bandeira de Espanha ou com um coração azul, branco e vermelho do lado dos Países Baixos. Sim, todos os adeptos dos neerlandeses permaneceram no pavilhão para se associarem a um momento que era de todo o mundo.

Nadal falou no fecho de um circulo, recordando a primeira derrota que teve na Taça Davis na estreia e agora este desaire na mesma competição. Entre esses momentos, houve 22 vitórias em Grand Slams, 92 títulos no circuito ATP, 209 semanas como número 1 do mundo, duas medalhas de ouro em Jogos Olímpicos e cinco Taças Davis. Ainda assim, aquilo que mais foi salientado no Palácio dos Desporto Martín Carpena foi a pessoa e não o jogador. Esse exemplo, essa referência e essa forma de ser engrandecem um legado que está muito acima e além de todos os troféus que foi ganhando ao longo de mais de duas décadas.

“Boa noite. Eu é que tenho de agradecer a tantas, tantas pessoas e vai ser difícil fazê-lo. Começarei por todos aqueles que estão aqui, a todo o público. Sinceramente, foram 20 anos de carreira profissional em que me foram carregando nos bons momentos e me foram empurrando para continuar a jogar nos maus. Vivi tudo com Espanha e com todo o mundo e sinto-me muito agradecido por todo o carinho do público, em especial aqui em Espanha. Queria também dar os parabéns aos Países Baixos e a toda a equipa de Espanha que está aqui, que me deixou jogar outra vez a Taça Davis que não saiu como queríamos. Dei tudo o que tinha e agradeço a oportunidade. Vivi muitos momentos importantes da minha carreira com os que estão aqui e foi um privilégio conseguir tantas coisas bonitas. Agora é a vossa altura de continuarem a viver isso porque estou seguro que esses momentos chegarão”, começou por referir no discurso feito no court.

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“Na realidade, não queria que este momento chegasse. Não estou cansado de jogar ténis, o meu corpo é que já não quer jogar mais ténis e tenho de aceitar isso. Sinto-me um super privilegiado, que teve sempre essa oportunidade de fazer do meu hobbie a minha profissão durante muito tempo. Quero também recordar a minha família, a minha equipa. Foram uma parte inesquecível da minha vida durante todos estes anos. Sou uma pessoa que acredita na continuidade e vou continuar perto de todas estas pessoas que fizeram a minha vida melhor, com uma relação pessoal que vai muito além da profissional. Muito obrigado por tudo. Digo do coração que sem vocês tudo isto não poderia ter sido possível”, destacou o espanhol de 38 anos.

“Para mim, tudo foi uma história, com momentos que também foram maus mas que na maioria foram bons e inesquecíveis. Obrigado também a todos os meios de comunicação que fizeram parte da minha história. A todas as organizações que fazem com que o desporto continue no topo do mundo e que continue a mexer com massas. Sou um super apaixonados pelo ténis e vou continuar aqui, esperando ser um bom embaixador para esta modalidade. Foi isso que tentei todos os dias, para cumprir os meus objetivos. Acredito que tentei fazer tudo com respeito, com humildade, a valorizar as coisas boas, mas creio que de alguma maneira o mais importante neste mundo é ser uma boa pessoa e espero que seja entendido dessa forma. Vou retirar-me do mundo do ténis profissional depois de encontrar muitos bons amigos pelo caminho, vou com a tranquilidade de que deixei aquilo que realmente sou, na parte desportiva mas também pessoal”, prosseguiu.

“Muito obrigado por tudo, mesmo muito obrigado. E quero despedir-me a deixar as últimas palavras à minha família que nunca me falhou. Estiveram sempre comigo nos momentos difíceis para me levantarem e nos momentos bons para que continuasse com os pés assentes no chão. Isso faz com que, no futuro, aconteça o que acontecer, possa lidar melhor com isso. Estou muito tranquilo porque recebi uma educação que me permite encarar com naturalidade o que se segue. Estou tranquilo porque tenho uma grande família à minha volta que me ajuda com tudo o que é possível”, salientou, com os pais, a irmã, a mulher (com o filho a dormir ao colo), os treinadores e os companheiros de equipa visivelmente emocionados com as palavras.

Seguiram-se as primeiras homenagens, com o presidente da Federação Internacional de Ténis e de Espanha a entregarem uma imagem da conquista da Taça Davis por Espanha em 2019 na cidade de Madrid e um vídeo que deixou o jogador em lágrimas ao ouvir alguns dos maiores desportistas de sempre e pessoas mais próximas como o Bola de Ouro Rodri, Iker Casillas, Raúl González, David Beckham, Iniesta, Roger Federer, Novak Djokovic, Juan Martin Del Potro, Andy Murray, Serena Williams ou Conchita Martínez. Depois disso, e em representação de todos os jogadores, David Ferrer, amigo e capitão de Espanha nesta Taça Davis, também falou: “Vou ser breve porque já se disse tudo. Deste o exemplo do que qualquer pessoa ou qualquer jogador quer ser. Foste um exemplo para todos. Há pessoas que serão recordadas até ao fim dos seus dias e outras que serão recordadas de forma eterna. Serás sempre recordado de forma eterna”.

“Estou muito feliz e agradecido por tudo. Os meus rivais também me ajudaram a ter uma carreira mais longa e com sucessos que sem eles não tinha conseguido. Despeço-me como tenista profissional, espero que a pessoal siga aqui durante muitos anos. Como quero ser recordado? Os títulos e os números ficam, estão à vista de todos, mas só quero ser recordado como uma boa pessoa de uma pequena vila de Maiorca que perseguiu os seus sonhos, com a sorte de ter um tio que era treinador de ténis. A vida deu-me esta oportunidade”, salientou o tenista espanhol no último adeus à modalidade, antes de despedir-se de forma individual de todos os elementos presentes entre lágrimas que irão perdurar para sempre.





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