Para o presidente do Future of Life Institute, a sociedade não se deve apressar em direção a uma inteligência artificial geral (AGI, na sigla em inglês), um ponto que a indústria tecnológica quer alcançar e que poderá ultrapassar a inteligência humana. Para Tegmark, o foco não deve ser a AGI, mas sim o uso da IA enquanto ferramenta para, por exemplo, “curar o cancro”. “As pessoas que querem construir inteligência artificial geral têm de esperar até mostrarem aos especialistas que conseguem controlá-la, algo que não conseguem fazer agora”, afirmou.
De seguida, defendeu a regulação da inteligência artificial ao afirmar que é preciso dizer aos líderes políticos que, tal como todas as indústrias têm padrões e regras de segurança, a IA também precisa que eles sejam definidos: “Assim que os tivermos, as empresas e os empreendedores vão começar a inovar para ir ao encontro desses padrões.”
Por sua vez, Thomas Wolf, cofundador da Hugging Face, plataforma comunitária que permite implementar e testar modelos de IA, apostou que 2025 “será o ano da robótica”, uma indústria que considera que tem vindo a ganhar tração. Após defender a inteligência artificial e os projetos de open-source, foi questionado sobre geopolítica e possíveis restrições que a plataforma coloca a países não-democráticos. Na resposta, o empresário disse que a Hugging Face é uma empresa neutra, mas deixou uma questão no ar: “Muitas vezes vemo-nos como a Suíça da IA, mas não sei durante quanto tempo vamos manter isso. Durante quanto tempo podemos manter esta posição se há disputas políticas?”.
Minutos antes de Max Tegmark e Thomas Wolf, Etosha Cave subiu ao palco para falar da startup Twelve, que cofundou e que tem como missão transformar ar em combustível limpo, tendo recentemente fechado um investimento de 645 milhões de dólares. “Estamos a replicar o que fazem as árvores. Usam a luz do sol e conseguem transformá-la para conseguirem crescer”, exemplificou, explicando que a empresa quer imitar este processo, no que considera ser “fotossíntese industrial”.
A Twelve começou por desenvolver pequenos elétrodos que funcionam como se fossem “folhas”, numa tentativa de imitar a fotossíntese. “Temos desafios de engenharia para conseguir escalar”, reconhece a fundadora. “Um dos desafios foi o tamanho do elétrodo. Sempre que aumentámos o tamanho do elétrodo tivemos de mudar o resto da receita”, salientou.
Quanto ao financiamento de 645 milhões de dólares que a startup recebeu recentemente, a cofundadora disse que “é um enorme sinal” de que a empresa “está a ir na direção certa”.