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a história da Eurovisão mais politizada de sempre – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Mai 12, 2024

A presença de Israel foi a questão central dos protestos desde o início das semi-finais e vários países não esconderam o descontentamento. Ainda esta sexta-feira, as delegações de Portugal, Grécia e Países Baixos — que nesta altura ainda tinha o respetivo cantor em concurso — pediram uma reunião de urgência com a organização da Eurovisão, que foi realizada no próprio dia. De acordo com a RTP, foram relatados casos de perseguição e assédio por parte da delegação israelita. As salas das delegações de Portugal e de Israel eram próximas uma da outra e, segundo a mesma estação de televisão, terá sido por isso que os portugueses assistiram aos casos relatados.

Os resultados dessa reunião não foram anunciados, mas no dia seguinte, já este sábado, ficou a saber-se que a delegação israelita tinha sido afastada das restantes delegações, mudado assim de sala, avançou o El Mundo durante a tarde.

O mesmo jornal espanhol adiantou ainda que a cantora sueca Loreen não iria entregar o troféu caso Israel vencesse a Eurovisão. “Tem a intenção de deixar clara a sua posição” e quer mostrar ao mundo “de que lado está a história”, referiu fonte próxima da artista. O plano seria deixar o microfone de cristal num pedestal, antes da subida da intérprete ao palco.

E também durante a tarde deste sábado, chegou mais uma notícia para adicionar às polémicas que marcaram esta edição da Eurovisão: as desistências para anunciar os pontos. Do lado da Finlândia, faltavam poucas horas para começar a grande final quando o cantor Kaarija disse que, afinal, já não ia aparecer a anunciar a pontuação do seu país. “Decidi não participar como porta-voz do júri finlandês na final da Eurovisão já este ano”, escreveu nas redes sociais o artista que no ano passado conseguiu o segundo lugar no concurso. “Dar os pontos não me parece correto.”

Antes de Kaarija, também Alessandra Mele, porta-voz do júri norueguês, seguiu o mesmo caminho. Nas redes sociais, a representante da Noruega no ano passado sublinhou que “há um genocídio em curso”. “Peço-vos para, por favor, abrirem os olhos, abrirem os vossos corações, deixem o amor guiar-vos até à verdade, que está mesmo à vossa frente. Palestina livre”, acrescentou.

O último ensaio dos artistas também não decorreu como é habitual. A concorrente da Irlanda acabou por não fazer o último teste e ainda apresentou uma queixa à organização. Bambie Thug anunciou que “houve uma situação” enquanto esperavam para entrar em palco para o ensaio. “Estamos em discussões com a UER/EBU (União Europeia de Radiofusão) sobre quais as medidas que serão necessárias”, escreveu a artista nas redes sociais, apesar de não ser conhecido o resultado das conversações, nem de ter sido divulgada mais informação sobre o que terá acontecido. “Isto significa que vamos falhar o meu ensaio final. Peço desculpa a todos os fãs que me vieram ver”, acrescentou.

Bambie Thug não chegou a ir ao ensaio geral, mas houve quem o aproveitasse para passar uma mensagem de paz. Slimane, concorrente francês nesta edição da Eurovisão, decidiu interromper o seu ensaio para fazer um discurso sobre o que tem acontecido — quer as manifestações contra a guerra em Gaza, quer a participação de Israel nesta edição, quer a expulsão dos Países Baixos. “Precisamos de estar unidos pela musica, sim. Mas com amor, pela paz”, disse o cantor. “Quando era criança, tinha um sonho. Tinha o sonho de ser cantor, de procurar a paz”, acrescentou.

E o último momento do ensaio geral também ficou marcado por outras ausências. Além da Irlanda, também a Grécia, Suíça e Israel não participaram no habitual desfile de apresentação dos países que vão competir.

Uma das maiores polémicas chegou no dia da final. Este sábado de manhã, a União Europeia de Radiodifusão (UER) confirmou que Joost Klein, concorrente dos Países Baixos, foi desclassificado da competição. Em causa esteve um “incidente”, como referiu a organização em comunicado, que envolveu o cantor e uma pessoa da produção, depois da última semi-final, na passada quinta-feira.

“A polícia sueca investigou uma queixa feita por um integrante da equipa de produção, depois de um incidente na sequência da sua atuação na semi-final na quinta-feira”, acrescentaram. Inicialmente, Joost Klein foi suspenso dos ensaios de sexta-feira e chegou mesmo a ser avançada a hipótese de o caso poder estar relacionado com algum desentendimento com a delegação israelita. Esta teoria foi, no entanto, desmontada com o comunicado que confirmou o afastamento dos Países Baixos, sendo este o primeiro país a ser afastado no dia da final.

Concorrente dos Países Baixos expulso da Eurovisão

Mais tarde, a emissora neerlandesa AVROTROS garantiu, em comunicado, que o artista fez “um movimento ameaçador”, mas que não tocou na repórter de imagem. A emissora explicou que quando Joost Klein saiu do palco da Eurovisão na passada quinta-feira e terá pedido para não ser filmado. “Indicou repetidamente que não queria ser filmado. Isso não foi respeitado e levou a um movimento ameaçador de Joost em direção à câmara. Joost não tocou na mulher”. “Esta penalização [de expulsão] é muito pesada e desproporcional”, escreveu ainda a emissora, acrescentando que “uma ordem de expulsão não é proporcional a este incidente.”





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