“O juiz disse que há indícios, que há provas e deu uma lição de moral ao arguido por este já ter estado preso pelo mesmo crime, mas considerou que, ainda assim, há outras medidas de coação que não a prisão preventiva… E o indivíduo é conhecido na zona por já ter estado preso por abuso de crianças. É o pânico e o alarme social naquele bairro”, conta ao Observador fonte ligada à investigação.
O pânico já não está apenas nas ruas onde o alegado agressor e a vítima vivem a pouco mais de 300 metros de distância; corre já pelos telemóveis dos habitantes daquela zona, com a fotografia do suspeito a circular em mensagens de aviso.
A alegada vítima dos abusos mais recentes é um rapaz descrito pela família como sociável, muito responsável e inteligente. Filho de pais separados, foi em casa do pai, no último sábado, que não aguentou mais esconder o que tinha acontecido na quinta-feira da semana passada, na zona do Guincho. “Falou no nome desta pessoa e foi aí que se percebeu. Tinha uma conversa trancada no WhatsApp com aquele indivíduo, ou seja, não estava visível como as outras conversas”, conta ao Observador a mãe da vítima. Para aliciar o rapaz, acrescenta, o suspeito deu-lhe “tudo o que uma criança de 10 anos gosta”.
A mãe relata que, no dia seguinte aos supostos abusos, na sexta-feira, a criança insistiu e pediu os códigos para o jogo online. Como não foi ter com o alegado abusador, este ameaçou a criança. No sábado, já em pânico, acabou por “se desfazer” e contar tudo. “Como a mãe não dá nada para os jogos, ele foi aliciado e ficou completamente iludido”, lamenta, amargurada por também conhecer o arguido de vista e porque “já sabia que ele era pedófilo”, com vítimas anteriores daquela mesma zona.
O pai contactou logo a mãe e o padrasto nesse sábado. Ato contínuo, a mãe da criança foi à esquadra da PSP fazer queixa, enquanto o padrasto foi para a rua para tentar localizar o suspeito; não demorou muito a conseguir chegar à morada e percebeu que o prédio tinha duas saídas possíveis. Avisou a companheira para se encontrar com ele, a fim de controlarem as saídas e, por pouco, não fizeram justiça pelas próprias mãos.
“Ele estava na rua, tinha ido buscar comida, mas, assim que viu o padrasto do R. começou a gritar que o iam matar e fugiu para dentro de casa. A senhoria abriu-lhe a porta e foi a sorte dele”, assume a mãe da criança.