Era o último encontro oficial do ano civil de 2024, era o primeiro encontro a definir tudo aquilo que estará em disputa ao longo de 2025. Depois de uma derrota caseira com o Al Sadd para a Liga dos Campeões numa fase em que a qualificação para a fase seguinte da prova está assegurada, o que permitiu também rodar peças chave do plantel, o Al Nassr deslocava-se ao King Abdullah Sports City Stadium, em Jeddah, para defrontar o líder da Liga saudita, o Al Ittihad. E se com o conjunto de Doha ganhar ou perder não teria grande efeito, o jogo diante da formação comandada por Laurent Blanc era um dos jogos mais importantes da época.
Embora estando ainda a fechar o primeiro terço da prova, o Al Nassr partia para o encontro com oito pontos de atraso face à equipa de Danilo Pereira, Karim Benzema, Kanté, Fabinho e companhia, tendo ainda seis de atraso para o campeão Al Hilal de Jorge Jesus. Contas feitas, o fosso poderia ficar demasiado grande de preencher em caso de novo insucesso frente a um adversário que tinha consentido apenas um desaire e contava somente com oito golos sofridos. Antes, tudo eram sorrisos e abraços, sobretudo entre Ronaldo e Benzema, as duas antigas referências ofensivas do Real Madrid que se reencontraram na Arábia Saudita; em jogo, tudo mudou de forma radical, com um clássico a ter bem mais “intensidade” do que é normal na Liga.
O jogo começou com um ambiente verdadeiramente frenético, não só pelos milhares de adeptos do Al Nassr no reduto adversário mas sobretudo pelo espectáculo dos apoiantes do Al Ittihad e da coreografia gigante em todo o estádio, mas sem qualquer oportunidade de golo ao longo dos 20 minutos iniciais, com os visitantes a terem mais posse na tentativa de controlar o encontro com bola e os visitados a manterem a boa organização coletiva para tentar sair depois em transições rápidas que fizessem a diferença. Foi dessa forma que surgiu o primeiro lance a causar ruído nas bancadas, com Bergwijn a encostar na pequena área sem hipóteses para Bento após assistência de Karim Benzema mas com o francês em fora de jogo no início de toda a jogada (22′). Pouco depois, o mesmo Bergwijn, internacional neerlandês “escolhido” no último dia da janela de mercado de verão em detrimento de Galeno, arriscou a meia distância para defesa segura de Bento (26′).
Estava dado o mote para o melhor período da formação da casa no primeiro tempo, com uma combinação que passou pelos pés de Aouar e chegou a Abdulrahman Alobud a terminar com um remate cruzado para defesa de Bento para canto (28′). O Al Nassr perdia a capacidade de sair que tivera nos minutos iniciais mas teve o mérito de, ao contrário do que aconteceu em alguns jogos recentes, não ter quebrado no plano coletivo, chegando ao intervalo ainda com um nulo e a beneficiar da oportunidade flagrante dos primeiros 45 minutos com Sadio Mané a ser lançado na profundidade, a surgir isolado mas a não conseguir rematar (39′).
Ao intervalo, Laurent Blanc lançou Abdulelah Al-Amri, antigo central do Al Nassr que saiu por empréstimo, e gizou uma linha de três atrás para dar todo o flanco aos laterais, em especial a Muhannad Al-Shanqeeti. Foi essa a mexida que alterou tudo o que seria a segunda parte, com o internacional saudita a subir pela direita para fazer o cruzamento que originou o 1-0 de Karim Benzema com um desvio ao segundo poste (55′) antes da resposta quase imediata do Al Nassr com Ronaldo a aproveitar uma insistência de Ângelo após defesa de Rajkovic para rematar de primeira na área para o empate (57′). Voltou tudo à “estaca zero” entre ânimos que iam ficando cada vez mais exaltados, com Benzema e Otávio a ficarem “pegados” em duas ocasiões, Bergwijn e Simakan a andarem aos empurrões e Mané e Aouar a não quererem ficar atrás…
Com várias estrelas nas bancadas que surgiam de quando em vez nas imagens como os atores Michael Douglas ou Van Diesel, tudo voltava a estar em aberto ainda que sem a mesma disponibilidade física e com o Al Nassr a parecer querer algo mais do que o empate entre mais um remate de Ronaldo, que chegou aos 916 golos, para defesa de Rajkovic. No entanto, e numa fase em que o jogo partiu, o Al Ittihad arriscou e ganhou mesmo o encontro: Mitaj subiu bem pela esquerda, Bergwijn fez a diagonal com bola para o meio e o remate não deu hipóteses a Bento no primeiro minuto de descontos (90+1′). O oitavo golo do capitão da Seleção nos últimos cinco jogos de nada valeu e o Al Nassr pode ter abdicado do título de 2025 ainda em 2024…