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América do Norte vai mergulhar na escuridão a 8 de abril. Há cruzeiros e voos para ver o eclipse e alertas para guardar comida e combustível – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Mar 31, 2024


Durante um eclipse solar, a sombra que a Lua projeta tem duas partes: a umbra e a penumbra. A primeira, onde a luz do Sol é completamente bloqueada, é a zona onde um observador deve estar para conseguir ver um eclipse total. Já na penumbra, a luz do Sol é apenas parcialmente bloqueada, pelo que os observadores só conseguem ver um eclipse parcial. Os locais fora da sombra da Lua não conseguem ver nenhum eclipse. Será o caso de Portugal no eclipse de abril.

Tipicamente existem dois eclipses solares por ano, explica Ricardo Gafeiro. “O que o pode tornar mais especial é a zona do globo onde é possível observá-lo”, refere. É que como 70% da superfície da Terra está coberta por água, há uma maior probabilidade de um eclipse solar poder ser visto no meio do oceano, longe das cidades, do que em terra firme.

O percurso completo do eclipse solar total


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Segundo a NASA, o eclipse vai começar no Pacífico Sul e chegar à costa do México por volta das 11h07 do horário do Pacífico (19h07 em Portugal). Segue depois para os EUA — o Texas será o primeiro estado norte-americano a testemunhá-lo.

Passa depois por Oklahoma, Arkansas, Missouri, um pequeno pedaço de Tennessee, Illinois, Kentucky, Indiana, Ohio, um pequeno pedaço de Michigan, Pensilvânia, Nova Iorque, Vermont, New Hampshire e Maine.

Chega de seguida ao Canadá, começando em Ontário, passado por Quebeque, New Brunswick, Ilha do Príncipe Eduardo e Cabo Breton. Sai da da América do Norte continental na costa atlântica de Terra Nova, Canadá, às 17h16 locais (19h16 em Portugal).

Um eclipse solar total desenrola-se em várias fases. Tudo começa com uma fase de eclipse parcial, em que a Lua começa a passar entre a Terra e o Sol, bloqueando-o parcialmente. Na maior parte dos locais, esta fase prolonga-se durante 70 a 80 minutos e faz com que o Sol tenha uma forma crescente. Pouco a pouco, os últimos raios de sol vão espreitando pelo contorno da Lua com um brilho intenso que, num primeiro momento, se assemelha a um colar de contas reluzentes (fase de “Baily’s Beads”, em português “contas de Baily”). Estas vão desaparecendo até que só resta um foco de luz brilhante ao longo da borda da sombra da Lua, que se assemelha ao brilho de um diamante num anel, expressão que dá nome a esta fase (fase Diamond Ring, em inglês).

Na etapa seguinte, a Lua tapa completamente a superfície do Sol. É o que se denomina totalidade e é, segundo a NASA, o único momento em que o fenómeno pode ser visto a olho nu em segurança. Na verdade, um eclipse solar total é o único tipo de eclipse solar em que as proteções usadas podem ser momentaneamente retiradas. Ainda nesta fase, será possível ver a cromosfera, uma região da atmosfera solar que aparece como um fino círculo rosa em torno da Lua, e a coroa, a camada mais externa da atmosfera do Sol.

Quando, à medida que a Lua continua a mover-se, se começa a ver um brilho intenso do lado oposto ao que se viu durante a fase do anel de diamante é sinal de que se deve deixar de olhar diretamente para o eclipse e voltar a usar proteções. É a atmosfera interior do Sol que começa a aparecer por trás da Lua. No final do fenómeno, repetem-se alguns dos passos intermédios — anel de diamante, contas de Baily — e o Sol volta então a ser visível.

A última vez que um eclipse solar total atravessou os Estados Unidos foi em 2017. Foi um dos mais aguardados e terá sido visto por perto de 215 milhões de norte-americanos (diretamente ou através de meios eletrónicos), segundo estimativas da NASA. Este ano as expectativas são ainda mais elevadas. O estado do Indiana, por exemplo, está a preparar-se para receber um recorde de 500.000 visitantes — mais de sete vezes o número de espectadores do Super Bowl de 2012, na cidade de Indianápolis. Não faltam eventos um pouco por todo o território norte-americano e até empresas a promover cruzeiros e voos para o observar o eclipse de perto.

O que justifica, afinal, tanta mobilização e preparativos? Há vários motivos. Por um lado, o caminho da totalidade do eclipse, isto é, o local onde é possível ver a Lua bloquear totalmente o Sol e ver a chamada coroa solar, é muito mais amplo do que o eclipse anterior. Isso é possível, explica a NASA, porque a distância da Lua em relação ao planeta Terra não é sempre a mesma e este ano será mais curta. Assim, em vez dos 12 milhões de pessoas que em 2017 estavam no caminho da totalidade, agora estão 31,6 milhões de habitantes — e outros 150 milhões vivem num raio de cerca de 250 quilómetros do caminho da totalidade. Além disso, todos os estados contíguos dos EUA, bem como algumas partes do Alasca e Havai, vão conseguir ver pelo menos um eclipse solar parcial.



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