Tinha corrido bem a Nuno Espírito Santo, que assinalou a quadra natalícia com uma vitória em Nottingham frente ao Tottenham que colocou o Forest à condição na terceira posição da Premier League só atrás do líder Liverpool e do Chelsea. Tinha corrido bem a Marco Silva, que marcou o Boxing Day com um triunfo no dérbi de Londres diante do Chelsea com reviravolta nos descontos que deixou o Fulham num sólido oitavo lugar. Correu bem a Vítor Pereira, que umas horas depois tornou-se o primeiro treinador do Wolverhampton a ganhar os dois jogos inaugurais no principal escalão inglês pelo clube e apenas o segundo português a vencer os dois primeiros encontros no Campeonato desde Mourinho. Só não foi bom para… Ruben Amorim.
A jogar fora diante do Wolves, o Manchester United voltou a adiar o início da recuperação esta temporada e recuou até mais uns passos no início da nova era. Depois da eliminação na Taça da Liga frente ao Tottenham e ao desaire caseiro com o Bournemouth para a Premier League, os red devils averbaram a terceira derrota consecutiva na deslocação ao Molineux e têm quatro desaires nos últimos cinco jogos do Campeonato. Mais: em 21 pontos disputados, Ruben Amorim somou apenas sete jogos, tendo as mesmas duas vitórias na prova de Vítor Pereira… que realizou apenas dois encontros. E como um mal nunca vem só, a partida “inclinada” pela expulsão de Bruno Fernandes no início da segunda parte foi a segunda sem qualquer golo marcado.
Depois, a comparação inevitável… que também pesa ao português: Ruben Amorim sofreu tantas derrotas do que Erik ten Hag na Premier League (oito) em menos encontros do que o neerlandês (9-7).
“Quando não vencemos é um passo atrás, ficou difícil depois da expulsão. O golo foi semelhante ao que sofremos com o Tottenham, tentámos mesmo com menos um jogador, estivemos mais perto do que o Wolverhampton, tentámos tudo mas eles marcaram numa transição. O canto foi semelhante, o Onana não consegue chegar à bola, tentou chegar e alguns jogadores não estavam sequer a olhar para a bola. Não me quero focar nisso. O que retiro de bom é que estivemos perto do golo mesmo estando a jogar com menos um jogador. Mas perdemos e vamos continuar a trabalhar. Expulsão? É muito difícil ganhar jogos nesta Liga com 11 jogadores, com dez ainda é mais difícil. Temos de nos focar”, referiu o técnico à DAZN.
“Problemas no ataque? Temos de melhorar as ligações, em alguns momentos perdemos agressividade. Nós não treinamos, apenas jogamos e tentamos encontrar a melhor forma de ganhar jogos. Controlamos os jogos, estamos sempre no controlo, mas não dominamos. Ausência de Rashford? É sempre pela mesma razão. Tenho de ser o mesmo treinador a ganhar ou a perder, a perder tenho de ser mais forte. Vou continuar com a mesma ideia até final. Se não mostrou nada de diferente? Se não está aqui, pode tirar a conclusão…”, acrescentou Ruben Amorim, que na próxima jornada, na segunda-feira, recebe o Newcastle.
“Temos bons jogadores, com qualidade, só nos faltava um clique mental para jogar e penso que o empenho de hoje e dos adeptos que nos apoiaram é algo especial. A Premier League é muito especial. É algo que demora muito tempo a chegar aqui, compreende-se. Duas vitórias sem golos sofridos? Não é fácil, as equipas têm muita qualidade. Quando se acredita no trabalho, quando a comunicação é simples, todos sabem as tarefas e o que devem fazer em campo, é a qualidade dos jogadores. As minhas equipas têm uma boa organização defensiva e é claro que gosto de ver a minha defesa como um relógio suíço, com coordenação. Mas as outras partes, os homens do ataque e do meio-campo têm de perceber quando é que devemos pressionar e quando é que devemos esperar para sermos compactos. Estes são os dois momentos que temos de compreender em conjunto”, sublinhou Vítor Pereira no final da partida à Amazon Prime.