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Banco de Portugal. Centeno prevê défice das contas públicas em 2025 e nos anos seguintes – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Dez 13, 2024


O Banco de Portugal prevê que as contas públicas voltem a uma execução deficitária em 2025, de -0,1% do PIB, contrastando com as previsões de um excedente de 0,3% do PIB que estão no Orçamento do Estado recentemente aprovado. Mas Mário Centeno está menos confiante – não só sobre 2025 como para os anos seguintes – e avisa que os riscos para a economia são “descendentes“, o que “reforça a necessidade de haver uma reorientação da política orçamental” para se ter mais cautela com a evolução da despesa pública.

“As projeções orçamentais apontam para o regresso a uma situação deficitária, embora o rácio da dívida pública mantenha uma trajetória descendente, atingindo 81,3% do PIB em 2027″, afirma o Banco de Portugal no Boletim Económico de dezembro, divulgado esta sexta-feira (e apresentado por Mário Centeno em conferência de imprensa em Lisboa). “O saldo orçamental deve deteriorar-se em 2025, para -0,1% do PIB“, concretiza o Boletim Económico.

O Banco de Portugal estima que “nos anos seguintes continuam a projetar-se défices, em resultado das medidas permanentes já adotadas — com impacto na despesa pública e na receita fiscal —, dos empréstimos do PRR previstos para 2026 e, a partir de 2027, do aumento de despesa para assegurar a continuidade dos projetos financiados pelo PRR”.

O Governo calcula um superávite de 0,4% nas contas públicas deste ano, baixando para 0,3% do PIB em 2025 mas mantendo-se acima da “linha de água” não só no próximo ano como nos anos seguintes. O Conselho das Finanças Públicas projeta, por seu lado, que o excedente, em 2025, possa ficar nos 0,4% — aliás nenhuma das entidades aponta, nas projeções em vigor, para regresso aos défices. As previsões do Banco de Portugal são menos otimistas.

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Fonte: Banco de Portugal, Boletim Económico de dezembro

Relativamente à atividade económica, o Banco de Portugal fez pequenas revisões em alta das expectativas de crescimento, em comparação com aquilo que havia sido calculado. Prevê-se, agora, que a economia cresça 1,7% em 2024 (em outubro estimou-se 1,6%) e 2,2% tanto em 2025 como em 2026.

Porém, o Banco de Portugal sublinha que a “projeção para a evolução da economia enfrenta riscos descendentes“, o que significa que o risco de crescimento se revelar menos forte que o previsto é maior do que a probabilidade de surpreender pela negativa. Isto “reforça a necessidade de uma reorientação da política orçamental que assegure o espaço adequado de resposta”, avisa o Banco de Portugal.

As tensões geopolíticas continuam a ser um risco adverso significativo, em especial se perturbarem os mercados globais de matérias-primas. A incerteza política na Europa pode agravar o cenário de fraco crescimento. Um maior protecionismo envolvendo as maiores economias mundiais poderá reduzir o comércio internacional. Na dimensão interna, salientam-se as dificuldades na execução dos fundos europeus, que poderão implicar um menor dinamismo do investimento”, afirma o Banco de Portugal.

No Boletim Económico, o Banco de Portugal explica que “o maior crescimento da atividade está sustentado sobretudo na procura interna”, já que “o crescimento em 2024 é sustentado sobretudo pelo consumo privado”. Depois, em 2025 e 2026 destaca-se “a melhoria das condições financeiras e a aceleração da procura externa, mas também a orientação expansionista e pró-cíclica da política orçamental”. Mas a partir de 2027, “a desaceleração do PIB decorre, sobretudo, do impacto do fim da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”.

O mercado de trabalho continua robusto, com aumentos do emprego e dos salários reais, a par da manutenção de um desemprego historicamente baixo (6,4% no horizonte de projeção). Em 2024, o rendimento disponível real regista um aumento historicamente elevado (7,1%), que se traduz na aceleração do consumo privado e num aumento marcado da poupança, abrandando em 2025–27, em resultado do menor crescimento dos salários e do emprego, com reflexos no consumo”, pode ler-se no Boletim Económico.

O Banco de Portugal diz, ainda, que “a taxa de poupança, de 11,5% este ano, estabiliza ligeiramente acima de 11% até 2027”. “O investimento recupera em 2025–26 devido à melhoria das condições financeiras e das perspetivas globais e o estímulo dos fundos europeus, mas trava em 2027 com o fim do PRR. As exportações devem crescer 3,9% em 2024 e 3,2%, em média, em 2025–27, num contexto de aceleração da procura externa, menor dinamismo do turismo e ganhos de quota progressivamente menores”, termina o supervisor.





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