Há uma crença antiga de que beber água depois de uma noite de bebedeira pode evitar uma ressaca. No entanto, uma nova pesquisa sugere que esse remédio popular não faz jus ao seu hype.
Pesquisadores da Universidade de Utrecht, na Holanda, analisaram dados de três estudos e descobriram que a desidratação é apenas parte da história da ressaca, e beber água tem efeito mínimo em sintomas como náusea, dores de cabeça e fadiga.
A pesquisa procurou entender melhor a relação entre desidratação e os sintomas de ressaca. Os participantes foram divididos em dois grupos: aqueles que beberam água antes de dormir depois de beber, e aqueles que não beberam. Surpreendentemente, ambos os grupos experimentaram níveis semelhantes de dor, náusea e exaustão na manhã seguinte. Enquanto aqueles que se hidrataram relataram sentir menos sede, eles ainda sofreram do mesmo grau de sofrimento da ressaca.
Dr. Joris Verster, autor principal do estudo, explicou que a desidratação não é a causa primária dos sintomas da ressaca. “Quanto mais você bebe, maior a probabilidade de ter uma ressaca. Beber água pode ajudar contra a sede e a boca seca, mas não vai tirar a miséria, a dor de cabeça e a náusea”, disse ele.
As descobertas indicam que consumir água, seja durante ou depois de beber, faz pouco para prevenir ou aliviar os efeitos da ressaca. Uma vez que a ressaca se instalou, engolir água não reduz sua intensidade.
De acordo com a pesquisa, a desidratação pelo consumo de álcool ocorre porque o álcool ativa o sistema hormonal responsável por regular a pressão arterial, o equilíbrio de fluidos e eletrólitos. Essa ativação hormonal leva à perda de água e eletrólitos, o que causa o sintoma comum de sede no dia seguinte.
No entanto, estudos mostram que a sede e a desidratação duram relativamente pouco em comparação aos outros sintomas característicos da ressaca, causados pelo “estresse oxidativo” e pela resposta inflamatória do corpo ao álcool.
A reação inflamatória do corpo ao álcool causa desconforto significativo, enquanto o estresse oxidativo – um desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes – contribui para dores de cabeça e outros sintomas. Como resultado, simplesmente beber água não combaterá essas causas subjacentes de ressacas.
Evidências e estudos científicos também concordam que as ressacas tendem a piorar com a idade. À medida que envelhecemos, nossa função hepática declina, reduzindo sua eficiência em metabolizar o álcool, revelam pesquisas. Ao mesmo tempo, o conteúdo de água do corpo diminui, e perdemos massa muscular, o que leva a uma maior concentração de álcool na corrente sanguínea.
O estudo destacou que atualmente não há tratamento cientificamente comprovado e comercialmente disponível para ressacas. Para aqueles que buscam alívio, a única maneira infalível de evitar uma ressaca é beber menos ou se abster de álcool completamente.