A cantautora Bia Maria vai lançar em 8 de novembro o disco “Qualquer um pode cantar”, o primeiro longa duração que marca o início de um novo ciclo em que, assume, está à procura do seu lugar no mundo.
O primeiro álbum é apresentado esta sexta-feira ao vivo em Ourém, no distrito de Santarém, de onde é natural Beatriz Pereira, que na música tem o alter-ego artístico Bia Maria desde 2019.
“Sinto que este disco é a afirmação de que eu estou mesmo aqui. Não estou a fazer isto só meio a brincar; isto é sério e eu quero que as pessoas me levem a sério pelo meu trabalho”, disse Bia Maria à agência Lusa.
“Qualquer um pode cantar” é muito centrado na voz, contando com a colaboração de quatro coros: Essence Voices, de Ourém, Sopa de Pedra e dois coros de Aveiro.
Essas participações tornaram “o processo de gravação maluco, com muitas pessoas para gerir” mas, em simultâneo, “muito entusiasmante e muito giro”, também porque a cantautora teve de assumir pela primeira vez outros papéis:
“Nunca tinha tido a oportunidade de ter de ‘vestir’ as minhas canções, de as produzir, no fundo. Foi um trabalho muito importante para mim: ter de me sentar, encontrar as minhas ferramentas e ‘vestir’ as minhas canções, dar-lhes vida”.
O disco reflete influências pop, indie pop e também da música tradicional, “uma referência muito grande”. “Não sei bem como, mas sei que está lá muita coisa”, sublinha.
Após três EP lançados entre 2019 e 2022, “Qualquer um pode cantar” revela novas preocupações de Bia Maria:
“Todo o meu percurso até agora foi [feito] com uma energia muito romântica e de canções muito amorosas. Este disco já reflete outra fase minha porque eu cresci e, portanto, começam a haver outras preocupações enquanto adulta e enquanto pessoa que está a tentar existir no meio desta sociedade louca”.
Através de Bia Maria, Beatriz revela-se enquanto mulher que está “à procura de um lugar no mundo”:
“Estou a tentar existir, viver, trabalhar e essas questões, mesmo que eu queira ou não queira, são uma preocupação. São situações que aparecem e que me fazem refletir sobre isso”.
O disco vai buscar o título a um mote que Beatriz Pereira transmite às crianças, dos 06 aos 10 anos, a quem dá aulas de música: “Digo sempre: ‘vocês podem todos cantar’”.
Numa fase de frustração artística, há pouco mais de um ano, uma das suas alunas insistiu que ela lançasse mais músicas, porque, lembrou-lhe, “qualquer um pode cantar”.
Bia Maria ficou a pensar nesse momento, até que encontrou aí “o conceito que liga o disco e que lhe dá sentido”, compondo, a propósito, o tema “Qualquer um pode cantar”.
Aos 25 anos e com um primeiro disco nas mãos, Bia Maria assume-se “pouco ambiciosa” quanto a expectativas futuras.
“No processo para chegar a este disco precisei muito de ser humilde e de ter os pezinhos assentes na terra”, sublinha.
Essa atitude é algo que tenta manter no dia-a-dia, embora seja “muito sonhadora, claro. Gosto muito de sonhar”:
“Preciso de abrir portas para ir conhecendo cada vez mais pessoas com quem gosto de trabalhar, mais vozes com quem eu gosto de cantar. Se eu puder continuar a fazer este caminho nesse sentido, acho que é o lugar por onde eu quero caminhar”, concluiu.
Esta sexta-feira, Bia Maria apresenta o novo disco no Teatro Municipal de Ourém, a partir das 21h30. Dia 9 de novembro atua no MusicBox, em Lisboa, e no dia 16 de novembro dá um concerto na Igreja de Santa Eulália de Sobrosa, em Paredes, distrito do Porto.