“Este sabe o que está a fazer”. Entre todos os comentários que foram sendo feitos nos últimos dias sobre um Manchester United que ganhou no Etihad o dérbi ao City mas foi depois eliminado nos quartos da Taça da Liga com o Tottenham num jogo de loucos com seis golos na segunda parte, a forma como Jamie Carragher, antigo internacional e capitão do Liverpool que é hoje comentador da Sky Sports, resumiu as primeiras cinco semanas de Ruben Amorim em Inglaterra acabou por “pegar”. Porquê? É a forma mais simples de abordar o atual momento da equipa, entre os resultados que nem sempre aparecem mas exibições que consolidam uma nova ideia de jogo cada vez mais aceite pelos jogadores, pelos adeptos e por toda a estrutura.
“Este sabe o que está a fazer”: Ruben Amorim perdeu a primeira competição mas ganha cada vez mais adeptos (até nos “rivais”)
“Se olharmos para o jogo como um todo, fomos a melhor equipa mas eles foram mais eficazes. Perdemos mas a luta que a equipa deu foi muito importante para mim. Penso que controlámos o jogo, dava para sentir isso no estádio. Estávamos confortáveis, dominámos a posse de bola. O problema não foi o último passe, foi o último remate. Hoje não sinto nada. Não consigo apontar algo bom mas amanhã conseguirei dizer muita coisa. Preciso pensar à noite. Não podemos pensar que ganhar títulos faz com que tudo fique bem. Vai ser um longo caminho. Estamos a melhorar. O nosso objetivo é ganhar a Premier League. Quanto tempo vai demorar? Não sei”, comentou o técnico português após a derrota em Londres na quinta-feira, num encontro em que os red devils recuperaram de um 3-0 e ficaram na luta pela qualificação até ao final.
Ruben mudou a maneira de ser mas não uma maneira de estar: United perde com Tottenham num jogo de loucos e cai na Taça da Liga
Mesmo perdendo, Amorim “ganhou”. No entanto, esse tipo de vitórias que nesta fase ainda contam têm de levar de forma obrigatória a sucessos em campo, sobretudo contra adversários que, sendo competitivos, não têm os argumentos do United. A receção ao Bournemouth, último encontro antes do Natal que abre mais um ciclo de três encontros em oito dias (Wolverhampton fora no dia 26, Newcastle em casa no dia 30), era agora o próximo desafio no regresso da equipa a Old Trafford que mais uma vez deixaria Marcus Rashford de fora das opções e que contava com uma mensagem de Ruben Amorim no matchday programme.
O dia mais bonito de uma era que ainda mal começou: United de Amorim vence City de Guardiola com reviravolta
“O Manchester United é um clube que nos dá uma série de emoções! Naturalmente, a vitória no dérbi de Manchester da semana passada teve um grande sentimento, até pela forma como aconteceu. Foi possível ver tudo aquilo que significou para todos nós no momento – não apenas para os jogadores no campo e para todos os adeptos no setor dos visitantes mas também para todos os nossos suplentes e todos aqueles que estavam no banco depois da finalização do Amad [Diallo]. Todos puderam ver como todos nós vivemos e foi fantástico ver como toda a gente partilhou aquele momento junta porque, como já disse em várias ocasiões, temos de trabalhar como um só para seguir em frente com o nosso projeto, por forma a que possamos partilhar os momentos bons e maus sempre como um grupo”, começou por escrever o técnico.
Ruben Amorim: “Manchester is Red and always will be.” ????❤️
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“Ainda assim, não podemos permitir que nos deixemos de levar apenas por um bom resultado. Mesmo que não tivéssemos marcado aqueles dois golos no final, a minha avaliação do rendimento teria sido igual. Fiquei satisfeito pela forma como conseguimos controlar grande parte do jogo e a paciência que tivemos em posse. Mas também houve muitas coisas que podíamos ter feito melhor e é nisso que temos de colocar o nosso foco para continuarmos a melhorar”, salientou ainda num texto com vários elogios ao Bournemouth de Andoni Iraola que foi escrito antes da deslocação a Londres para o jogo com o Tottenham e que terminou com o desejo de Bom Natal para todos os adeptos do United (de preferência com a “prenda” de uma vitória).
???? Rúben Amorim: “Rashford out again? It is my decision, and it always will be”.
“I want to see the best of my players, and then I try different things with different players, so that is my focus”, told Sky. pic.twitter.com/jTSIFnvK5N
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Estava reunida uma espécie de conjugação cósmica para o Manchester United regressar aos triunfos em Old Trafford para a Premier League, sendo que a chegada de Ruben Amorim à sua zona técnica foi feita com um sorriso a mais pelo meio quando viu um cachecol do Benfica na bancada central de Old Trafford. Contudo, o que parecia uma tarde com potencial para ser de sonho tornou-se um autêntico pesadelo, com Andoni Iraola a ser superior ao português em todos os aspetos num triunfo que confirmou não só o momento da equipa do Bournemouth como o grande trabalho do português Tiago Pinto como diretor do clube inglês. Contas feitas, os red devils perderam o terceiro jogo dos últimos quatro no Campeonato, mantiveram o 13.º lugar com apenas 22 pontos e passaram a ter mais golos marcados do que sofridos na prova (21-22)…
O Calendário Amorim para as Festive Fixtures vai em desafio crescendo ????#DAZNPremier pic.twitter.com/onD8yxfD21
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Com seis alterações de início em todos os setores da baliza ao ataque, o United conseguiu criar o primeiro lance de perigo com Amad Diallo a aparecer na área para um remate de primeira travado por Kepa (6′) mas não teve capacidade de continuar com o mesmo fluxo ofensivo nos minutos que se seguiram. Ainda houve uma tentativa em posição frontal de Bruno Fernandes à figura do internacional espanhol mas os visitantes, mesmo sem criarem grandes situações, mostravam lição bem estudada na forma como condicionavam com quatro unidades mais subidas a saída a partir de trás numa construção a três e conseguiam mais posse do que os red devils. Depois, sabiam explorar o grande calcanhar de Aquiles: as bolas paradas. Dean Huijsen, na sequência de um livre lateral na direita, antecipou-se a Zirkzee e fez de cabeça o 1-0 (29′).
United volta a sofrer de bola parada
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Ato contínuo, as câmaras apontavam para Carlos Fernandes, adjunto de Amorim que tem a missão de fazer o trabalho dos esquemas táticos ofensivos e defensivos. Mais uma vez, esse capítulo falhou, sendo que esse golo sofrido reavivou fantasmas do passado em Old Trafford com Evanilson a aproveitar a desorientação para ameaçar o segundo. No entanto, seria o Manchester United a terminar em cima do Bournemouth antes do intervalo, com Bruno Fernandes a ter três grandes oportunidades em menos de cinco minutos onde Kepa, desvios de adversários e mira desafinada fizeram com que a desvantagem continuasse até ao descanso, deixando a equipa da casa entre a necessidade de arriscar mais frente a um adversário que fechava espaços de forma cada vez mais densa e o risco de levar com transições rápidas que aumentassem mais os problemas.
Ruben Amorim teria de encontrar outras soluções em termos ofensivos (mexeu apenas na defesa, com a troca de Malacia por Leny Yoro) para desmontar a bem organizada estrutura do Bournemouth mas os minutos iam passando sobretudo com o aparecimento de mais problemas: Mazraoui foi à queima na área a um lance com Justin Kluivert, cometeu penálti e permitiu ao neerlandês aumentar a vantagem (61′), Semenyo fez o 3-0 logo de seguida numa grande jogada coletiva que apanhou o United desequilibrado à direita e que começou num grande movimento de Evanilson no meio entre quatro adversários (63′). Começava a soar a escândalo.
Kluivert faz o segundo de penálti
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A vantagem do Bournemouth já vai em 3 ???? Semenyo
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Já com Garnacho e Hjölund em campo, os visitados tentavam algo que evitasse uma imagem tão má neste regresso a Old Trafford. O avançado dinamarquês obrigou Kepa a uma grande defesa após passe de Diogo Dalot (67′), Amad Diallo rematou forte mas ao lado depois de um lance “inventado” por Bruno Fernandes (72′), o passar dos minutos tirava o pouco discernimento que subsistia no Manchester United, que voltava a ver adiado mais um passo rumo a um presente que pudesse ser mais parecido com o que foi o passado na era Alex Ferguson. Com isso, e de uma forma natural, o próprio futuro ganha outro tipo de interrogações. E fez todo o sentido num dia gelado em Manchester haver a autêntica debandada de adeptos a partir dos 75′, evitando ver mais dois golos “feitos” falhados e um momento de olés por parte dos visitantes nas bancadas…