A CDU afirmou esta segunda-feira que o pedido de renúncia de Tiago Mayan, após assumir ter falsificado assinaturas, é “mais um episódio demonstrativo do clima de paz podre que reina” no movimento independente que lidera a Câmara do Porto.
“O pedido de renúncia apresentado pelo presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde não pode ser visto, apenas, à luz das ilegalidades que cometeu e reconheceu“, lê-se no comunicado.
Na quinta-feira, Tiago Mayan demitiu-se do cargo de presidente da junta, alegando falta de “condições pessoais para continuar a exercer” o cargo e assumindo que o motivo era da sua “inteira responsabilidade”.
Em causa está a assunção por Tiago Mayan da falsificação de assinaturas do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, numa ata datada de 16 de setembro, elaborada e falsificada pelo ex-candidato presidencial apoiado pela IL, segundo uma outra ata de uma reunião entre o júri e o executivo da junta, na quarta-feira.
Para a CDU, o sucedido é “mais um episódio demonstrativo do clima de paz podre que reina no interior do movimento ‘Aqui Há Porto’ e da difícil relação que, no interior deste, existe entre os respetivos eleitos dos diferentes órgãos autárquicos”.
Entre os “conflitos”, a CDU assinala a retirada de confiança política, em 2016, ao anterior presidente da junta do centro histórico, António Fonseca, “cuja reeleição apadrinhou em 2017 e que, apesar de ter encabeçado a candidatura do Chega em 2021, se manteve, simultaneamente, integrado no grupo municipal do seu movimento”.
O envio para o Ministério Público dos resultados de uma auditoria feita pela câmara à freguesia do Bonfim no âmbito do programa “Casa Reparada, Casa Melhorada” ou as críticas “ferozes” feitas à presidente da União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos são outros dos exemplos dados pela CDU.
“Ao mesmo tempo que isto acontece há um silencio cúmplice da maioria municipal relativamente às irregularidades cometidas em diversas juntas presididas por elementos do seu movimento”, acrescenta.
A CDU critica ainda os partidos de direita por “procurarem sacudir a água do capote perante a gravidade da situação ocorrida” na União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.
“A CDU tudo fará para que, apesar desta inqualificável atuação de Tiago Mayan que deve merecer a atenção do Ministério Público, as coletividades da União de Freguesia não vejam ainda mais atrasada a receção das verbas do Fundo de Associativismo”, salienta.
No comunicado, a CDU indica ainda que irá exigir “um cabal esclarecimento dos contornos da falsificação” feita por Tiago Mayan.
Os comunistas dizem ainda que irão pautar a sua atuação “com o objetivo do cumprimento da legalidade na recomposição da unta de Freguesia, pugnando para que os interesses dos cidadãos destas três freguesias se sobreponham ao taticismo que a rearrumação das forças políticas da direita, com os olhos já postos nas eleições autárquicas que se realizarão daqui a um ano, está, indubitavelmente, a influenciar”.
Tiago Mayan foi eleito, em setembro de 2021, presidente da junta com 36,92% dos votos, pelo movimento independente “Rui Moreira: Aqui Há Porto”, apoiado pela IL, CDS, Nós Cidadãos e MAIS.
Pelo movimento independente foram eleitos para o executivo da junta Ana Júlia Furtado, José Ramos, Laura Lages Brito e Germano Castro Pinheiro. O executivo é ainda composto pelos social-democratas Tiago Lourenço e Cláudia Bravo.