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Começou a vender gelados, acabou como milionário das telecomunicações. Quem é o misterioso dono da Digi, a nova operadora em Portugal? – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 11, 2024

A empresa de Teszari passou por várias etapas até chegar ao que é hoje. Mas tudo começou por um negócio de televisão por cabo, em 1992, então chamado TVS Holding Brasov. De acordo com a página de história da Digi, fornecia apenas serviços em Timisoara e Brasov, duas das principais cidades da Roménia. Quatro anos depois, o fundador Teszari decidiu expandir a sua empresa e o nome deixou de ser apenas regional: nasceu a Romania Cable Systems S.A, conhecida como RCS.

Durante alguns anos, a RCS cresceu de forma orgânica e embarcou na novidade da internet. Além dos serviços de TV por cabo, passa a disponibilizar acesso à internet um pouco por todo o país. Foi assim que surgiu, em 1997, uma subsidiária da RCS chamada Romania Data Systems (RDS). É na mudança de milénio que surgiu a holding Digi Communications.

Alguns anos mais tarde, a companhia entrou no negócio da voz fixa, disponibilizando chamadas de telefone fixo apenas a clientes empresariais e clientes internacionais. Em 2004, após um acordo de interconexões com a Telekom Romania, massifica-se no mercado da telefonia fixa. Em dezembro desse mesmo ano, surge no mercado a marca Digi, para refletir os serviços DTH (direct to home).

Durante todos estes anos, as palavras do fundador e CEO à imprensa foram escassas. Só em 2002, em raras declarações de viva voz, é que mostrou a ambição que tinha. “Quero tornar o RCS no grupo de telecomunicações mais importante da Roménia”, disse à Capital Magazine.

Com o passar do tempo, a empresa foi-se adaptando às tendências do mercado. Com a expansão do mercado de rede móvel e a popularização do 3G, surgiu uma nova marca, a Digi Mobil, já em 2007, dedicada apenas aos serviços de telecomunicações móveis.

Depois da rede, vieram os canais próprios de televisão e estações de rádio. Primeiro, pelos canais desportivos até chegar a uma oferta de quatro canais na Roménia e três na Hungria. Hoje em dia, a Digi tem ainda um serviço de filmes pagos, chamado Digi Film, um canal de notícias, Digi 24, e canais de documentários (Digi World, Digi Life e Digi Animal World). Também tem canais de música (UTV e Hora TV) e uma participação na Music Channel. Desde 2015 tem também quatro estações de rádio na Roménia (Pro FM, Music FM, Dance FM e Digi FM).

Embora a Roménia seja o principal mercado da Digi, desde 1998 que está em curso uma expansão internacional. A vizinha Hungria foi o primeiro país para os testes e, até 2006, a Digi foi tentando estabelecer-se com “pequenas subsidiárias” em países da Europa central e de leste. “Subsidiárias de que nos vimos livres depois”, especifica a página de história da companhia.

O mercado de crescimento mais significativo fora da Roménia foi mesmo Espanha, onde a empresa está presente desde 2008. A receita da Digi para o mercado espanhol é contada pela Bloomberg: responder à vaga de romenos que migraram para Espanha, com a promessa de preços baixos, cartões de telefone acessíveis em lojas de conveniência e um serviço ao cliente sem barreiras linguísticas, falado em romeno. Depois dos migrantes que queriam “sentir-se em casa”, piscou o olho aos espanhóis à procura de internet fixa e telemóvel a preços baixos. Hoje em dia, tem 6,1 milhões de clientes em Espanha e, segundo os números revelados pela empresa na apresentação em Lisboa, é o quarto operador no mercado espanhol, com uma quota de 9,1%. A empresa cresceu, em parte, porque tirou partido dos remédios implementados durante a fusão entre as operadoras Orange e MásMóvil no país vizinho, em 2023.

Depois de Espanha, seguiu-se a entrada em Itália, em 2010, e em 2021, à boleia do leilão do 5G, Portugal entrou na lista de destinos da Digi. Passados quase três anos, a empresa entrou esta semana no mercado português com a “vantagem”, como disse o diretor executivo, conquistada pela aquisição da Nowo, por 150 milhões de euros. Depois de Portugal, segue-se a Bélgica, país onde a empresa adquiriu espectro do 5G em 2023.

Digi avança para compra da Nowo por 150 milhões

A expansão da Digi tem ainda sido marcada por algumas controvérsias, nomeadamente a que ensombrou a oferta pública inicial (IPO) da empresa em 2017. Quando entrou em bolsa em Bucareste com um IPO de 190 milhões de euros, o maior já feito por uma empresa de telecomunicações na Roménia, também enfrentava um escândalo de corrupção ligado à venda dos direitos de transmissão dos jogos de futebol da liga romena de futebol. Na altura, Ioan Bendei, o sócio de Teszari, foi acusado de ter subornado o então presidente da Liga de Futebol Romena em 3,5 milhões de euros. Polémicas e investigações à parte, nem a entrada em bolsa foi suficiente para trazer o “multimilionário sem rosto” à ribalta.





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