• Sáb. Nov 23rd, 2024

Feijoada Politica

Notícias

como foi a AG do FC Porto (que acabou sem resultados) – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 23, 2024

Para alguns ainda tem muitas histórias de bastidores para contar, para muitos funcionou como a primeira página do último capítulo de Pinto da Costa no clube, para todos foi uma “mancha” que perdurará no tempo tendo em conta a gravidade dos acontecimentos. A vida institucional do FC Porto pode ser explicada com um antes e um depois da Assembleia Geral de novembro de 2023, que acabou por ser suspensa por vários atos de insultos e agressões no Dragão Arena entre associados. A partir daí, houve uma outra reunião magna mas já sem as propostas de alterações estatutárias discutidas na primeira, uma campanha eleitoral, a Operação Pretoriano, as eleições mais votadas de sempre que sufragaram o triunfo de André Villas-Boas por 80%, uma viragem a vários níveis na vida dos azuis e brancos. Um ano depois, voltava a haver uma nova AG.

Filas sem fim, petardos, cânticos, mudança de local e agressões no Dragão Arena: os momentos de tensão na AG do FC Porto (que foi cancelada)

Os pontos eram três, o primeiro dos quais explicativo para ser uma reunião magna ordinária. Para além da votação do Relatório e Contas do exercício de 2023/24 do clube, que fechou com um prejuízo de 2,43 milhões de euros explicado por um aumento dos rendimentos operacionais de 14% que não foi suficiente para fazer face à subida dos gastos de 18,536 para 20,449 milhões de euros (além das diminuições do ativo e passivo dos dragões), os associados azuis e brancos teriam ainda de sufragar a criação da Fundação FC Porto, uma das promessas eleitorais de Villas-Boas, antes de um espaço para debater outros assuntos do clube.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

FC Porto clube acumula prejuízo de 2,43 milhões de euros no exercício do clube em 2023/24

“Fruto de um ato eleitoral altamente participado, em que a escolha de um outro rumo para o clube foi muito clara, o FC Porto abre agora um renovado ciclo em que o sucesso desportivo, aliado à sua sustentabilidade financeira, é a prioridade. O controlo do clube por parte dos associados é algo inquestionável, assim como a manutenção do ecletismo que o caracteriza. Uma dedicação empenhada e o investimento numa gestão rigorosa, orientada para o sucesso desportivo, mas nunca perdendo de vista a sustentabilidade financeira, serão sempre o foco. Alicerçada numa nova governança, a adaptação a novos padrões de gestão, acompanhando as boas práticas e assegurando a transparência na sua atuação, permitirá quer aos seguidores do clube, quer aos restantes stakeholders vir a reencontrar, num futuro próximo, um FC Porto liderante, para além do sucesso desportivo, também nos seus resultados económicos, sociais e financeiros”, argumentava André Villas-Boas na mensagem que acompanhava o Relatório e Contas.

Um ano depois, quatro exclusões e uma suspensão: Fernando Madureira expulso de sócio do FC Porto

Em paralelo com a votação das contas ou da Fundação, existia a curiosidade de perceber como está nesta fase o clube a nível de associados mais próximos daquilo que é a realidade quotidiana dos azuis e brancos (todas as Assembleias Gerais têm uma percentagem diminuta de presenças face ao universo total de associados), dos resultados desportivos à reestruturação financeira entretanto fechada, passando por várias outras partes do clube que foram mudando nos últimos meses para mostrar um FC Porto mais aberto, mais transparente, mais moderno e mais capaz de perceber o ponto de partida para traçar um rumo diferente para uma nova era. Para essa discussão, e por forma também a deixar um sinal de responsabilidade a todos os presentes, António Teixeira, presidente da Assembleia Geral, dispensara a presença de polícia no recinto.

“Não quero a PSP nas instalações. Por ter corrido mal uma vez não quer dizer que se repita. Não tenho razão de queixa. Ainda agora houve Assembleia Geral da SAD e tudo correu na perfeição. É um momento para os portistas se exprimirem e usarem voz crítica. Enquanto representante dos sócios, estou empenhadíssimo em que as coisas corram bem. Queremos retirar alguma carga emocional que possa resistir do passado para que tudo corra pelo melhor. No final dessa jornada, o FC Porto vai estar mais forte, mais resiliente e preparado para enfrentar os desafios, porque aqui só conhecemos uma palavra, que é vitória”, comentou o número 1 da Mesa dos dragões ao jornal O Jogo, explicando outras mudanças como a votação em urna e não de braço no ar ou a introdução do hino do clube no arranque de todas as reuniões magnas.

Com algumas caras conhecidas ligadas à anterior gestão da sala, casos de João Rafael Koehler ou Francisco J. Marques (Pinto da Costa não esteve presente por continuar internado, tendo sido este sábado alvo de uma intervenção cirúrgica já prevista), e com o aparecimento de Sandra Madureira nas imediações do Dragão Arena com algumas pessoas a seu lado, a reunião começou com uma proposta para que tudo fosse anulado, tendo em conta alegadas irregularidades na convocatória que a fariam nula. Ainda com votação de braço no ar, o requerimento foi chumbado de forma clara (apenas 76 votos a favor contra 92 abstenções e 709 contra) e tudo arrancou conforme estava previsto, ouvindo-se logo a abrir o hino oficial do FC Porto.

André Villas-Boas, na primeira vez como presidente dos dragões numa reunião magna, tomou a palavra com um discurso inicial que teve a maior salva de palmas quando o nome de Pinto da Costa foi recordado. “Os sócios são e continuarão a ser o coração desta instituição, com os valores e a mística que nos distinguem dos outros, honrando sempre o nosso passado mas construindo o nosso futuro. Estou aqui para ouvir as vossas opiniões e refletir sobre as mesmas. Na liderança desta instituição passaram homens marcantes que engrandeceram a instituição. Nos últimos 40 anos e sob a liderança de Pinto da Costa aprendemos a transformar a nossa força em valores e em vitórias constantes. José Maria Pedroto ajudou nesta revolução, soube estruturar esse pensamento e através da sua voz indicou-nos o caminho a seguir. Ambos nos deixaram um grande legado de valores que são hoje a base de sustentação deste clube”, salientou.

“O nosso principal inimigo é uma situação financeira muito débil, que estava a asfixiar o nosso futuro. Após as operações que aqui discutiremos, podemos orgulhar-nos de dizer que o FC Porto continuará a ser dos seus sócios. São públicos os passos que temos dado, até porque uma das nossas prioridades foi atuar com total transparência. Temos o Estádio do Dragão a bater recordes de assistência e no exterior a procura tem sido superior à oferta. O número de sócios cresce diariamente e estamos a pouca distância de nos tornarmos o segundo clube com mais associados em Portugal. Estamos aqui para reforçar essa vontade, aperfeiçoar o que pode ser melhorado e todos estamos aqui a procurar o melhor para o FC Porto. Ninguém está aqui a colocar os seus interesses à frente dos do clube. Isso jamais o vou permitir”, reforçou.

“É assim que tenho feito a gestão do nosso clube, na defesa dos superiores interesses do FC Porto. Gostaria de destacar alguns factos relevantes da atualidade do clube, na sua atividade associativa e executiva e, no caso do Grupo FC Porto, a sua atividade empresarial e comercial. No clube e no campo associativo, temos vindo a assistir a um crescimento acentuado do número de associados, que neste momento se situa muito próximo dos 145 mil. Estamos a honrar os compromissos assumidos em campanha programa eleitoral e a identificar, isolar, estancar e eliminar as diferentes problemáticas que nos têm surgido pelo caminho. Sinto que temos os portistas mobilizados para continuar a  criar condições para que a nossa história se continue a escrever de letras de ouro, respeitando as opiniões sem nunca beliscar o objetivo comum”, frisou, depois de abordar vários temas entre reestruturação financeira, protocolos, modalidades e Justiça.

A discussão continuou depois, com João Borges e José Pedro Pereira da Costa a darem pormenores sobre as contas dos azuis e brancos e alguns associados a fazerem questões dos mais diversos temas. Foi quase uma reunião magna “normal” mas como há muito não acontecia no universo dos dragões. Exemplo prático? A pergunta sobre os vencimentos da estrutura do futebol, algo que com Pinto da Costa apenas aconteceu na fase em que o FC Porto esteve mais tempo sem ganhar entre 2013 e 2016. “Teria de restar a revelar todos os salários, do Diogo Costa, do Pepê… Mas se queremos qualidade, temos de a pagar”, respondeu o líder dos azuis e brancos, sempre solícito a todos os pontos que iam sendo colocados em discussão pelos sócios.

Pontos mais fora? Os assobios que se ouviram a Rui Pedroto, vice e responsável da Fundação FC Porto, ainda a propósito das polémicas com Pinto da Costa durante a campanha eleitoral tendo José Maria Pedroto como centro das questões e a intervenção de Francisco J. Marques, antigo diretor de comunicação e informação do clube, que colocou em causa questões práticas relacionadas com as remunerações da SAD.

“Quem governa atualmente o FC Porto? André Villas-Boas, Pereira da Costa, João Borges, Tiago Madureira e José Luís Andrade. E sabemos os salários de quem? De André Villas-Boas e Pereira da Costa. Dos outros três não sabemos. Porquê? Porque os administradores não executivos passaram a receber muito mais do que no passado? Antigamente custavam 6 mil euros anuais, agora vão passar a ser 136 mil euros anuais. Queria também perceber o que é a comissão de gestão que anunciaram sobre as transferências, que é algo novo a nível mundial. A comissão da excelente contratação do Samu, de um milhão e algo mais por cada ano de contrato. No negócio do Francisco Moura, outra boa contratação, é público que o agente é o Carlos Gonçalves e é público que o Famalicão pagou comissão ao agente. No Portal da Transparência diz que o FC Porto paga 80 mil euros, que serão 400 mil euros na vigência do contrato, a uma empresa. Quem é? Faz parte do grupo do Carlos Gonçalves? O FC Porto ao dia de hoje, nesta época, conquistou 77 vitórias e 26 derrotas nas modalidades comparáveis com as das últimas épocas. Nos anos anteriores tínhamos mais vitórias, há um incremento de 20% de derrotas”, apontou Francisco J. Marques, citado pelo jornal Record.

“A remuneração dos órgãos sociais sentados nesta mesa, se totalmente contabilizada, corresponde a menos 50% do que a remuneração da anterior administração. Se contarmos administradores de todas as empresas do Grupo FC Porto, dos quais estes órgãos são também administradores, o corte em despesa para o FC Porto é de 76%. Relativamente aos administradores não executivos, sem desrespeito pelos anteriores, estou muito orgulhoso de poder contar com a qualidade e o currículo dos mesmos, para o qual o FC Porto tem de incorrer em custos para os manter”, respondeu Villas-Boas. “Sobre a questão das comissões de gestão, é verdade que a mesma sempre existiu em contratos de jogadores de futebol. Sobre a transferência do Francisco Moura, irei inteirar-me sobre a empresa que faturou o serviço. Irei tentar obter esclarecimentos e que fique em ata que a Direção do FC Porto irá procurá-los. Sobre Supertaças e comparação de percentagem de vitórias, eu acho que todos desejamos se materialize em sucesso para o FC Porto”, acrescentou.

“Em relação à caça às bruxas sobre a auditoria forense, que foi um tema muito levantado, somos da mesma opinião. Estamos ansiosos pelos resultados finais da auditoria forense. A partir daí será um virar de página total. Estando concluída, será demonstrada aos sócios através de uma conferência de imprensa e, a partir daí, será um virar de página completo”, apontou sobre outro dos temas muito abordados, numa altura em que os ânimos estavam mais serenos depois de uma fase em que uma parte do Dragão Arena, onde estariam presentes elementos dos Super Dragões, ia interrompendo algumas intervenções com apupos.

Por fim, o presidente portista abordou ainda o que aconteceu após a goleada sofrida no clássico frente ao Benfica na Luz. “Cheguei ao Porto às 4 horas da manhã, estive em chamadas devido aos incidentes nos quais o nosso treinador esteve envolvido por alguns adeptos do FC Porto, que pontapearam a sua viatura à saída do Olival. Foi oferecida proteção pessoal em casa, pelo nosso prestador de serviços, e foi dessa forma que arregacei as mangas em prol do FC Porto”, referiu, explicando as questões sobre o que fizera perante os incidentes registados no regresso de toda a comitiva ao Olival e que foram relatados pela comunicação social.

Antes das 17 horas, a Assembleia Geral foi encerrada. “Orgulho-me como portista pela enorme dimensão que a nossa Assembleia Geral atingiu em termos de participação de associados e do contributo de todos trouxeram. As palavras que mais retive foi serviço, unidade, identidade e vitória. Saímos daqui muito mais fortes e unidos para combater aqueles que lá fora procuram que o FC Porto não consiga ganhar, muitas vezes com outras metodologias”, rematou António Teixeira, líder da Mesa. No entanto, até depois desse fecho houve críticas: sabia-se que pelo menos 1.177 tinham marcado presença no Dragão Arena e que mais de 950 tinham votado mas tudo acabou sem que fossem conhecidos os resultados finais das votações.





Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *