“A luta faz-se nas ruas, A hora é de lutar/ de defender o que é nosso/ e que nos querem roubar/ e não há lei que me obrigue/ a ser fodido e a calar”. A canção Brigada da foice espelha bem a resistência da população. É mais um dos temas que Carlos Libo compôs e escreveu para dar voz aos corpos que enfrentam uma ameaça ao seu modo de vida e ao equilíbrio ambiental do território. Canta Libo em Exploração: “Barroso, Barroso, o povo tem de se ouvir. Querem dar cabo das terras, Barroso, não podemos permitir. Tua terra dá fartura, sustento para o ano inteiro. A alegria de quem vive em Barroso não se compra com dinheiro.”
“Tenho um pouco de jeito, não sou aquele compositor de grande sabedoria, mas faço umas musicas”, admite. No Youtube estão cinco delas. “Refletem aquilo que nós sentimos, que sinto eu e a maioria do povo que é contra isto e que não é tido nem achado. É este desassossego que andamos nisto.”
“Quando é que acaba todo este desassossego. Esta angústia, este medo, esta vida em sobressalto”, escuta-se em A Voz do Povo. “A voz do povo é a vontade de Deus. Cantai: Não passarão”.
Algumas das canções de protesto ouvem-se no novo filme de Paulo Carneiro, que descobriu este inesperado cantautor, motivando-o a escrever e a gravar as canções, quando decidiu filmar o que se passava na região. “O povo tem que se ouvir”, diz Carlos, que também entra no filme. “Não foi preciso representar nada, ele filmou o nosso dia a dia”. E chegou a Cannes.