Ex-militar, ex-congressista e crítica convertida. As características verificam-se em vários nomes da nova administração Trump e repetem-se no anúncio mais recente, o de Tulsi Gabbard para diretora nacional de informação, cargo em que vai coordenar as 18 agências norte-americanas que compõem a comunidade dos Serviços Secretos.
“Sei que a Tulsi vai trazer um espírito sem medos, que definiu a sua ilustre carreira, para a nossa comunidade de informação, lutando pelos nossos direitos constitucionais e assegurando a paz através da força. A Tulsi vai deixar-nos a todos orgulhosos”, pode ler-se no comunicado, a que Gabbard respondeu com um agradecimento pela “oportunidade de defender a segurança e a liberdade do povo americano”.
Thank you, @realDonaldTrump, for the opportunity to serve as a member of your cabinet to defend the safety, security and freedom of the American people. I look forward to getting to work. pic.twitter.com/YHhhzY0lNp
— Tulsi Gabbard ???? (@TulsiGabbard) November 13, 2024
O Presidente eleito destaca “o apoio amplo” que a nomeada reúne em ambos os partidos. Isto porque Gabbard cumpriu quatro mandatos no Congresso como representante do Estado do Hawaii, pelo Partido Democrata, do qual só saiu em 2022, depois de ter participado nas primárias para as eleições de 2020. Mas a conversão ao movimento MAGA foi rápida: fez toda a campanha ao lado de Donald Trump, ajudou-o a preparar-se para os debates televisivos e integrou a sua equipa de transição (à qual se juntou ao lado de Robert F. Kennedy).
Gabbard já tinha expressado que seria “uma honra” integrar a administração Trump, com o objetivo de “prevenir a III Guerra Mundial e a guerra nuclear”, numa entrevista na passada segunda-feira. Apesar de ter cumprido três missões ao serviço do exército norte-americano, no Médio Oriente e em África, tem defendido que a guerra deve ser sempre “o último recurso”. “Uma atitude contraditória face ao exército: reverente do seu poder, mas cética do seu uso”, resume a CNN.
É uma posição cinzenta que a aproxima de Donald Trump, à qual se soma uma apreciação pouco tradicional pelos adversários históricos dos Estados Unidos, grupo em que se inclui Vladimir Putin — “a Rússia tem preocupações legítimas com a sua segurança face à Ucrânia” — e Bashar al-Assad — “não é o inimigo”. E mesmo quando era democrata e crítica de Trump partilhava com ele uma política isolacionista e de não-intervenção em conflitos internacionais.
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Apesar de as suas posições se terem alterado pouco ao longo do tempo, a relevância do papel que vai ocupar agora não é clara. Por um lado, o cargo de diretora nacional de informação é relativamente recente — só existe desde 2005. Por outro, apesar de coordenar 18 agências, a verdade é que a única que realmente se destaca é a CIA. Tanto que a passagem de John Ratcliffe de diretor nacional de informação a diretor da CIA foi entendida pela imprensa norte-americana como uma promoção.