Três meses depois da resolução do Banco Espírito Santo, que aconteceu há dez anos, a 3 de agosto de 2014, arrancou a comissão parlamentar de inquérito (CPI) à resolução do banco que, ao longo de sete meses, procurou reconstituir a anatomia do maior escândalo financeiro em Portugal.
Apontada como uma das comissões de inquérito mais reconhecidas da democracia, a CPI do BES levou ao Parlamento cerca de 50 personalidades — foram 52. E recebeu 10 respostas por escrito. Apenas uma pessoa recusou ir ao Parlamento — José Guilherme, o construtor de Almada que deu uma prenda, “liberalidade”, de 14 milhões de euros a Ricardo Salgado. Duas pessoas foram ouvidas à porta fechada por causa do segredo de justiça — o tesoureiro do Grupo Espírito Santo, José Castella, e o mais famoso contabilista de Portugal, Machado da Cruz, o comissair aux comptes da Espírito Santo Internacional (ESI), a holding da família cuja dívida oculta foi um dos motores da queda grupo.
Entre os chamados estavam os protagonistas da queda do BES, da família aos reguladores e políticos aos gestores e acionistas — mas também atores secundários ou protagonistas de um drama paralelo que foi o colapso da Portugal Telecom. Um efeito colateral que nem Ricardo Salgado previu, segundo o próprio. De dono disto tudo, o banqueiro passou a responsável por isto tudo, de acordo com a maioria dos testemunhos.
Dez anos depois do colapso do banco, onde estão agora? O que mudou na vida deles? Quem foi responsabilizado ou ainda aguarda pela justiça? E quem prosseguiu com a sua vida profissional?