Nas 15 medidas do Governo, três interferem diretamente com o Ensino Superior: bolseiros de doutoramento que dão aulas no superior poderão dar aulas no ensino secundário; será atribuída uma bolsa para atrair mestres e doutorados para a docência através de uma formação científica e a profissão será aberta a docentes e investigadores doutorados.
“Estamos solidários, percebemos o problema que é preciso enfrentar”, reconhece o presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup). Em representação dos professores e investigadores do Superior, José Moreira acrescenta que considera positiva a ideia de “contratar pessoas doutoradas e mestres com especialização cientifica”, mesmo sendo necessário “definir em que condições podem aceder à carreira docente”.
Contudo, há “duvidas na questão de recrutar bolseiros de doutoramento para colaborar” nas escolas. Estes investigadores “estão a trabalhar no doutoramento” e, podendo acumular até 10 horas para lecionar, ficam “sem tempo para se dedicarem” à investigação. “A questão tem de ser afinada”, remata José Moreira.
Professores aposentados, mais horas extraordinárias, contratação acelerada. As “15 medidas de emergência” para os alunos sem professores
Para o presidente da ANDAEP, no pacote de 15 medidas destaca-se “a ausência de apoios na deslocação e estadia de professores”, medida que considera essencial e urgente. Já o presidente do Conselho de Escolas admite que, “de modo geral, as medidas são positivas” e, com alguma cautela, ressalva que “falta verificar depois a sua eficácia”.
A mesma preocupação tem o dirigente da ANDAEP, que admite mesmo a necessidade de reajustar as medidas inicialmente propostas pelo Governo, até porque “os 90% é uma meta muito ambiciosa”. Filinto Lima referia-se ao objetivo definido pelo ministro da Educação, Fernando Alexandre, de reduzir em 90% o número de alunos sem aulas até ao final do ano.
Para Filinto Lima, independentemente das medidas implementadas, a prioridade tem de ser manter o nível de ensino, especialmente quando o Governo propõe simplificar os procedimentos de reconhecimento de habilitações para a docência de professores imigrantes. A mesma preocupação tem António Castel-Branco: “Temos de ter cuidado para não baixar o nível”, independentemente de como tudo “se operacionaliza”.
Mariana Carvalho também partilha desta opinião, mas olha para a questão de outra forma: “Temos muitos alunos estrangeiros e estes professores podem ajudar do ponto de vista da linguagem e facilitar a comunicação. Pode ser vantajoso.”