Quais são os pilares das Edições do Gosto?
Nós temos as nossas causas escritas. São humanistas e têm a ver com a pessoa ao centro. Começámos por ter o conhecimento como primeira base e, depois, entrámos numa outra ideia mais aberta e temos a saúde mental. Temos o tema da diversidade cultural, da diversidade humana, das questões de género, do equilíbrio homem-mulher. Saliento, por exemplo, que o Congresso de Cozinha tem 50, 50, metade homem, metade mulher. Depois, quando fazemos os nossos programas, nós sabemos que os nossos atos têm impacto e cuidamos de fazer atos que esperançosamente sejam equilibrados para que esse impacto não seja só profissional nem especificamente na área do conhecimento. Queremos que seja social. Portanto, numa palavra, não somos neutros. Não estamos aqui perante um acontecimento com uma atitude meramente comercial. Acontecemos, mas temos uma vontade de que aquilo que façamos possa ter impacto na sociedade, impacto positivo.
Falou das questões de género, qual é para si a importância da igualdade e inclusão?
Então, vou levantar o tapete. Durante 32 anos, o concurso Chefe do Ano foi Chefe Cozinheiro do Ano e só teve homens brancos no júri. E houve uma altura que a gente disse: “Não pode ser”. Então, começámos a pôr mulheres e agora só entram mulheres. Esta revista só tem mulheres na capa já há muitos anos. Portanto, nós estamos conscientes do acontecimento. E isso aconteceu porque nós, enquanto empresa pequena na economia portuguesa, estávamos sempre a sobreviver e a dada altura percebi que a economia seria sempre dura e pensei “em vez de estar fixado em sobreviver na economia portuguesa vamos fixar-nos em agir na sociedade portuguesa”. Portanto, o que eu tenho a dizer é que é possível. E a prova de que é possível é que nós conseguimos fazer. De todos os eventos em que nós participamos procuramos isso. Eu não tenho grande interesse em dizer, eu tenho interesse em fazer.
Continua a ser um dos seus objetivos fazer a ponte entre os cozinheiros ou sente que o seu papel já está feito?
Eu acho que é bastante relevante continuar a agregar através de ideias, de eventos, de movimentos, como tenho feito, ao longo dos anos, em diferentes modelos. Acho que já está estabelecido aí um território comum, que as pessoas sabem que existe e como se manifesta. E depois tenho feito pontes. Eu fomento essa conexão entre os chefes, mas faço as pontes deles para outros territórios, para outras visões sociais, que ao mesmo tempo faz com que se afirme a visão deles, mas que eles também compreendam, tenham acesso, partilhem, exponham-se e que sejam expostos.