O antigo presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso defendeu esta sexta-feira que a Europa deve ter fronteiras externas seguras, após o endurecimento da política migratória da Alemanha com controlos em todas as suas fronteiras.
“É importante que haja fronteiras externas da Europa seguras, porque quando não há fronteiras externas seguras, isso gera receio nos diferentes países, gera inevitavelmente a ideia de cada um estabelecer as suas próprias fronteiras e isso é um perigo”, disse Durão Barroso em declaração à Lusa, durante a inauguração do Círculo Luso-Económico (CLE) em Paris.
O antigo presidente da Comissão Europeia, que afirmou ser “muito favorável a Schengen”, por ser “uma grande conquista e um grande avanço” para os cidadãos europeus poderem ter liberdade de movimento pela Europa.
“Devemos reforçar as nossas fronteiras externas, reforçar a cooperação entre diferentes países, para ter a certeza que podemos garantir a liberdade de circulação no nosso espaço, o espaço de Schengen”, afirmou.
A Alemanha decidiu na segunda-feira alargar os controlos nas suas fronteiras para combater a imigração ilegal, que se tornou mais uma vez numa questão política para o chanceler alemão, Olaf Scholz, face à ascensão da extrema-direita.
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Para o antigo primeiro-ministro português, o governo alemão “tomou esta decisão sobre a posição em que vive, por causa de crimes que tiveram lugar na Alemanha recentemente”, reforçando que espera que “seja uma medida temporária“, já que se trata de um governo “pró-europeista e de centro-esquerda”.
Com esta medida, o político espera que “haja, ao mesmo tempo, a compreensão de que não há nenhuma entidade política que possa existir sem fronteira” e que a União Europeia tenha a capacidade de defender as suas fronteiras.
Já enquanto antigo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso expressou ainda a sua opinião sobre a nomeação do primeiro-ministro francês Michel Barnier, de 73 anos, antigo Comissário Europeu e membro do partido de direita conservadora Republicanos.
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“Michel Barnier foi membro da minha Comissão, da Comissão Europeia (…) conhece-o muito bem. É alguém convictamente europeu, mas sempre o achei muito francês”, disse Durão Barroso, referindo que “não foi uma surpresa” a sua nomeação pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.
O primeiro-ministro francês “é um centrista, uma pessoa muito moderada”, vindo de uma família política que em França é considerada de direita, “mas na realidade [Michel Barnier] abraça muitos pontos que são do centro-esquerda”, acrescentou.
O Presidente francês procurava “alguém que pudesse fazer alguns consensos e Michel Barnier é, de facto, um homem de consensos“, afirmou Durão Barroso.