O antigo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, diz que o Presidente da República “deve chamar o primeiro-ministro para pedir esclarecimentos sobre esta ação dita de policiamento mais seguro [no Martim Moniz]”. Em declarações à Rádio Observador, o antigo ministro socialista diz que Luís Montenegro “herdou um dos países mais seguros do mundo” e, embora seja legítimo antecipar novos riscos, optou por se transformar ele próprio num “promotor de perceções de insegurança”.
“Lei à medida do nomeado Rosalino não dignifica”
Não convencido com o que o chefe de Governo disse na entrevista ao Diário de Notícias — em que negou relacionar segurança e imigração — Eduardo Cabrita fala em “sucessivas intervenções” de Montenegro a “associar riscos de segurança acrescidos a fenómenos migratórios.”
Quanto ao facto de o primeiro-ministro ter dito que “não gostou” de ver a imagem das pessoas encostadas à parede no Martim Moniz, Cabrita diz que as novas declarações mostram que “na altura ou não tinha visto, ou falou na ignorância”.
O PR já devia ter chamado o PM para pedir esclarecimentos sobre esta ação dita de policiamento mais seguro que vem criar uma rutura na sociedade portuguesa em torno de matéria muito complexa. Exige intervenção com espírito de filigrana. Foi assim que passámos o período da pandemia do ponto de vista da segurança.
Eduardo Cabrita também comentou a nomeação de Hélder Rosalino para secretário-geral do Governo criticando a “forma de legislar estranhíssima”, em que o Governo optou por forçar “soluções legislativas à medida do nomeado.” Cabrita acusa ainda o Governo de se ter “precipitado” ao depreender que o Banco de Portugal iria assumir as custas do vencimento de Rosalino.