Elon Musk, o magnata norte-americano detentor da rede social X e da fabricante automóvel Tesla, fez um novo apoio público ao partido de extrema direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD), num artigo de opinião a ser publicado este domingo no semanário Welt am Sonntag, mas cujo conteúdo foi parcialmente revelado este sábado na sua edição online.
Musk já tinha expressado apoio ao partido de extrema-direita após o atentado de 20 de dezembro em Magdeburgo que vitimou cinco pessoas, escrevendo numa publicação no X que “só a AfD pode salvar a Alemanha”.
Não obstante ter-se descoberto mais tarde que o perpetrador de tal ataque é ele próprio um apoiante da AfD e de pendor anti-islão, Musk reforçou o seu apoio ao partido no artigo a ser publicado este domingo, negando as suas tendências extremistas.
“O retrato do AfD como extremista de direita é claramente falso, considerando que Alice Weidel, a líder do partido, tem uma parceira do mesmo sexo do Sri Lanka! Isto parece-vos Hitler? Por favor!”, lê-se numa das passagens do artigo adiantadas pelo Welt am Sonntag, edição de fim de semana do popular diário Die Welt.
Musk justifica também o seu apoio à AfD e diz ter o direito de intervir na política alemã devido aos seus “investimentos significativos” na Alemanha, como por exemplo a Giga Berlin, fábrica da Tesla próxima da capital alemã.
Não obstante esta iniciativa ter sido acompanhada da publicação de um artigo de rejeição às posições de Musk pelo futuro editor-chefe do Die Welt, Jan Philipp Burgard, a publicação do texto do magnata levou a editora da secção de opinião, Eva Marie Kogel, a pedir a demissão.
“Sempre gostei de dirigir o departamento de opinião do Welt e do Wams. Hoje apareceu um texto de Elon Musk no Welt am Sonntag. Ontem apresentei a minha demissão após a impressão”, publicou na rede social X, com um link para comentário de Burgard.
“O diagnóstico de Musk está correto, mas a sua abordagem terapêutica, segundo a qual só o AfD pode salvar a Alemanha, é fatalmente falsa”, escreveu o futuro editor-chefe do jornal, referindo-se ao desejo do AfD de abandonar a União Europeia e procurar uma aproximação à Rússia, bem como apaziguar a China e apresentar uma visão “parcialmente xenófoba e antissemita”.
Numa reação partilhada com a Reuters, Burgard e o homem que vai substituir a 1 de janeiro, Ulf Poschardt, afirmaram que “a democracia e o jornalismo prosperam com a liberdade de expressão. Isso inclui lidar com posições polarizadoras e classificá-las jornalisticamente”.
O apoio de Musk à AfD surge num momento em que os alemães se preparam para votar a 23 de fevereiro, após o colapso do governo de coligação liderado pelo chanceler Olaf Scholz. O partido de extrema-direita encontra-se de momento no segundo lugar nas sondagens, podendo impedir a formação de uma maioria quer de centro-direita, quer de centro-esquerda.