E os dois estádios também, que entretanto foram ou estão a ser remodelados…
E os dois estádios… Se bem que um encontra-se numa situação muito parecida à nossa que é o Barcelona, como o FC Porto. Tem uma situação de rutura financeira…
Curiosamente também tem vendido percentagens de outras empresas associadas ao seu universo…
Sim, é isso… O que pedimos foi que o FC Porto pudesse colocar em stand by a negociação destes acordos mais estruturantes, tendo em conta a proximidade das eleições. Evidentemente que o que me dá a entender é que para este due diligence que foi feito por estas empresas ou fundos detidos por outros podia ser feito mas que dessem a este Direção a oportunidade de olhar para esses contratos e decidir se seria o caminho a seguir. É claro que a Direção está em plenos poderes para executar todas as decisões e naturalmente não fez caso deste pedido porque entende também que é o melhor para o FC Porto na sua visão. Há uma questão importante para nós: no nosso entendimento, se tivesse havido muito maior dinâmica da parte da Direção do ponto de vista comercial do FC Porto nos últimos anos, estas receitas comerciais valeriam agora muito mais dinheiro do que o valor que está a ser atribuído para o futuro. Se tivéssemos impactado anteriormente e se tivéssemos sido mais dinâmicos, estas receitas valeriam mais. Não sei se iremos a tempo, não sei que contratos estarão estabelecidos, iremos analisar caso a caso e tomar as decisões sendo que temos boa informação do parceiro. Agora, custa-nos porque sim, há um investimento na parte da infraestrutura do Estádio para criar mais receitas futuras, com bilhética e corporate hospitality a serem exemplos disso, mas não deixa de ser vender algo para ter entrada de capital. Parece-nos que é mais um indicador…
E pode ter sido se calhar demasiado tarde, porque as notícias continuam a ser desmentidas mas existem riscos de ter existido um incumprimento do fair play financeiro da UEFA…
Penso que não porque estamos a falar de um incumprimento anterior dentro desta época desportiva. Há questões que faltam responder, até no comunicado. Há ou não há coima? O FC Porto vai ou não pagar ou já pagou? É verdade ou não que há possibilidade de uma pena suspensa durante um período de três anos por incumprimento relativamente às obrigações financeiras do clube? Todas estas questões não estão por responder…
Ao todo foram 33 perguntas que fez, não teve resposta a nenhuma…
Não, nenhuma. Não tive resposta.
Sagasta 2, Quadrantis, Dragão, Porto Comercial e UEFA: a carta com 33 questões (sem resposta) de Villas-Boas a Pinto da Costa
Se fosse um outro candidato, se tivesse sido Nuno Lobo a apresentar aquelas perguntas, tinham sido respondidas?
Não, penso que não… Nós também temos um entendimento muito claro que seria difícil que nos respondessem a estas questões. Portanto, lançámos as mesmas perguntas através da CMVM para ver se as mesmas ativavam uma resposta por parte da Direção do FC Porto.
Olhando para a parte do futebol, já falou em relação ao papel de Sérgio Conceição, que vai ser o primeiro com quem vai falar, apresentou Zubizarreta e tinha falado o possível sobre Jorge Costa. Não tem falado muito sobre aquilo que é o ADN FC Porto e a capacidade que a equipa tinha em dar respostas à adversidade. Até enquanto treinador, como é que se consegue entra nesta espiral de três jogos sem ganhar no Campeonato e como é que se dá a volta?
Há vários fatores… Por muito que a equipa produza, não tem conseguido ter a eficácia para marcar golos em momentos decisivos do jogo para dar tranquilidade, como tem sido referido pelo treinador. O jogo é isto e a equipa não tem concretizado oportunidades e tem pago um preço muito elevado. Há irregularidade de exibições nesta fase, não está confiante como antigamente e a capacidade de resposta, por experiência própria, virá com o encontrar da vitória que tardou um pouco mais. Que o jogo com o V. Guimarães possa dar esse conforto de confiança para melhor terminar o resto da época [n.d.r. o FC Porto venceu por 3-1 e garantiu a presença no Jamor]. É preciso insistir, transmitir confiança, há a exigência do FC Porto porque não podemos terminar uma época a 18 pontos do primeiro lugar porque não nos reconhecemos nisso tendo um ADN de vitória mas a equipa está em plena consciência disso e uma vitória muda o resto dos jogos. Mas é uma época que fica aquém das expectativas, esperemos que fique melhor com a Taça de Portugal.
“Quando se vende por inoperância, custa. Quando se vende a dez dias das eleições é grave também para os sócios”, lamenta Villas-Boas
Há 50 anos que o FC Porto não chegava a cinco jornadas do final sem ter possibilidade de ser campeão. Muitas pessoas têm falado na questão do fim de ciclo em termos institucionais. Esse potencial fim de ciclo institucional pode ter chegado num prolongamento à equipa? Falava-se muito da importância dos resultados desportivos para aquilo que poderia ser a campanha e as próprias eleições…
A minha campanha é lançada oficialmente a 17 de janeiro e durante esta fase fomos mostrando as ideias do nosso projeto e as pessoas que estão envolvidas no mesmo. Entendemos também por conta destas minhas valências mais desportivas que uma estrutura forte em termos desportivos é absolutamente fundamental para o futuro do FC Porto. Uma estrutura desportiva funcional, bem estruturada, com cargos bem delineados na formação, no scouting, na performance e no seu todo, na direção desportiva. Muitas vezes substitui o papel do treinador para que ele possa dedicar-se apenas à função específica que é orientar a equipa. Isso parece não ter sido o caso nos últimos anos, em que o treinador carregou sobre si e sobre as suas costas todo o peso de uma direção desportiva, dando a entender que é um homem que tem de cumprir determinadas funções de outros porque os outros não estão a acompanhar as suas exigências…