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entrevista a Demi Vollering, vencedora do Tour e da Vuelta – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 17, 2024

“Bem, já vi que está aí o meu nome mas está também a frase… Queres perguntar sobre isso?”. Numa das salas existentes na Web Summit para entrevistas, onde são “construídos” dois recantos com quatro cadeiras cada e uma mesa onde assentam gravadores e blocos, Jan de Voogd, companheiro e manager de Demi Vollering, sentado num pequeno parapeito junto da janela, dá uma vista de olhos repentina numa folha onde se lê entre várias notas “It all starts with dreaming”. É com esta ideia que a corredora neerlandesa de 28 anos feitos esta sexta-feira se apresenta no site oficial. Encontramos dados biográficos, resultados, agenda, fotografias e contactos, encontramos sempre esta frase que define muito de quem é, como pessoa e atleta. “Tudo começa assim, sonhar com algo e fazer por chegar lá. Isso é o mais importante de tudo”, explica de forma orgulhosa.

Vollering foi uma das caras mais mediáticas ligadas ao universo do desporto que passaram pela Web Summit esta semana, tendo marcado presença em dois painéis como atleta de elite e como corredora que começa a preparar o futuro fora do ciclismo. Aliás, Demi poderia ser tudo o que quisesse. Logo à cabeça, florista. A sua primeira modalidade até foi a patinagem no gelo, desporto que praticava quando subiu pela primeira vez o Mount Ventoux de bicicleta e percebeu como gostava dessa sensação de desafiar montanhas em duas rodas, mas aquilo que esteve sempre presente foi a ligação às flores. Quando era mais nova, ajudava o pai e o tio num berçário que tinham mas aquilo que queria mesmo era poder fazer arranjos florais no outro negócio da família – e era de tal forma interessada que chegou mesmo a tirar curso de design floral aos 20 anos. Até 2018, apesar de andar de bicicleta desde criança, nunca olhou para um futuro nesse sentido. Depois, tornou-se uma inevitabilidade. E um terceiro lugar na Liège-Bastogne-Liège fez o resto.

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Em apenas cinco anos, a neerlandesa assumiu-se como uma das melhores corredoras da atualidade com um currículo que lhe permite perceber o melhor e o pior que a competição de alto rendimento pode ter. Após ganhar o Giro dell’Emilia e a Volta Limburg Classic, chegou ao pódio da prestigiada clássica com um sprint que ainda hoje lamenta não poder recordar em imagens por não ter havido transmissão em 2019, não fez mais do que 15 dias de competição em 2020 devido à pandemia e viveu o ponto mais alto e mais complicado da carreira no Tour em anos consecutivos, batendo Lotte Kopecky por mais de três minutos para a vitória em 2023 e perdendo para Katarzyna Niewiadoma por quatro segundos em 2024.

Agora, na sequência de uma temporada que terminou com uma medalha de prata no contrarrelógio dos Mundiais e que já tivera antes um triunfo na Vuelta, Demi Vollering prepara-se para a primeira experiência numa equipa fora dos Países Baixos (FDJ, de França) que coincide com a forte aposta em reconquistar o Tour enquanto não chega o outro momento que espera um dia alcançar: chegar a um pódio nos Jogos Olímpicos. Em entrevista ao Observador e a outros três meios pela agenda cheia que apresentava na visita a Lisboa (a primeira que fez à capital, apesar de já ter passado férias no Algarve), a neerlandesa abordou também o bom que também se pode retirar dos piores momentos, a evolução que o desporto feminino teve nos últimos anos e a figura que se tornou uma inspiração pelo que fez durante e depois da carreira: Kobe Bryant.





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