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Estudo de fezes fossilizadas dá pistas sobre a ascensão dos dinossauros – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 28, 2024

Uma investigação que recorreu à análise de fezes fossilizadas recriou a estrutura dos ecossistemas durante a época em que os dinossauros passaram a dominar o planeta, no início do período Jurássico.

Os coprólitos são fezes fossilizadas que constituem uma valiosa fonte de dados do passado e têm sido utilizados para tentar reconstruir a ascensão dos dinossauros, de uma paisagem dominada por répteis não-dinossauros para outra em que estavam a crescer.

Os dinossauros, de acordo com o registo fóssil, evoluíram em meados do período Triásico (entre há 247 e 237 milhões de anos), mas a sua dominância nos ecossistemas terrestres só foi observada cerca de 30 milhões de anos mais tarde, no início do Jurássico.

Um estudo publicado pela Nature recriou a estrutura dos ecossistemas da época em que os dinossauros iniciaram a sua história de sucesso, com base na análise de amostras fossilizadas de fezes, nas quais foram identificados alimentos não digeridos, plantas e restos de presas, noticiou na quarta-feira a agência Efe.

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Estas análises de centenas de amostras forneceram pistas sobre o papel que os dinossauros desempenharam no ecossistema há cerca de 200 milhões de anos.

A equipa liderada pela Universidade de Uppsala, na Suécia, estudou com diversas técnicas 500 restos fossilizados de material digestivo (como fezes ou vómito), do sudeste da Polónia, abrangendo desde o final do Triásico até ao início do Jurássico.

As análises destes vestígios foram comparadas com o registo fóssil existente, juntamente com dados climáticos e vegetais, para estimar as alterações no tamanho e abundância dos vertebrados durante este período.

“A nossa investigação é inovadora porque optámos por compreender a biologia dos primeiros dinossauros com base nas suas preferências alimentares. Houve muitas descobertas surpreendentes ao longo do caminho”, apontou Grzegorz Niedzwiedzki, da Universidade de Uppsala e signatário do estudo.

Os coprólitos continham restos de peixes, insetos, animais e plantas de maiores dimensões, alguns excecionalmente bem preservados, incluindo pequenos escaravelhos.

Outros continham ossos mastigados por predadores que, tal como as hienas de hoje, esmagavam os ossos para obter sais e medula.

O conteúdo dos coprólitos dos primeiros grandes dinossauros herbívoros, os saurópodes de pescoço comprido, surpreendeu os investigadores, pois existiam grandes quantidades de fetos arborícolas, mas também outros tipos de plantas e carvão.

A hipótese dos paleontólogos é que o carvão foi ingerido para desintoxicar o conteúdo do estômago, uma vez que os fetos podem ser tóxicos para os herbívoros.

O estudo resultou num modelo de evolução dos dinossauros em cinco etapas que é aplicado à área geográfica das amostras mas que, segundo os investigadores, pode explicar padrões globais.

Os dados sugerem que os tetrápodes não dinossauros foram substituídos pelos antepassados omnívoros dos primeiros dinossauros, que evoluíram para os primeiros dinossauros carnívoros e herbívoros no final do Triássico.

Posteriormente as alterações ambientais relacionadas com o aumento da atividade vulcânica podem ter levado a uma gama mais diversificada de plantas para alimentação seguida pelo aparecimento de espécies herbívoras maiores e mais diversas.

Isto levou à evolução de dinossauros carnívoros maiores no início do Jurássico e completou a transição para o seu domínio no ecossistema.

Os resultados mostram que a diversidade alimentar e a adaptabilidade foram características cruciais para a sobrevivência durante as alterações ambientais do Triássico Superior.





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