O alargamento da vacinação contra a Covid-19 e a gripe às farmácias gerou uma potencial poupança de 2,4 milhões de euros para os utentes e de 310.000 horas de trabalho de profissionais no SNS, revela um estudo esta terça-feira divulgado.
O estudo da Associação Nacional de Farmácias (ANF) avaliou o impacto da participação das farmácias comunitárias na campanha de vacinação sazonal de 2023/24, em colaboração com o Serviço Nacional de Saúde.
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Realizado pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR), o estudo, que é apresentado esta terça-feira, em Lisboa, na Conferência “Vacinação Sazonal – Há mais Saúde na Farmácia”, promovida pela ANF, visou também conhecer a população elegível e quais os fatores associados à intenção e à hesitação vacinal, bem como avaliar a satisfação das pessoas e o contributo do modelo de colaboração das farmácias na saúde pública.
Os resultados sugerem que “a política de alargamento da vacinação às farmácias contribuiu para a cobertura vacinal, melhorou a acessibilidade e a coesão territorial, registando elevados níveis de satisfação da população”.
Em declarações à agência Lusa, a presidente da ANF, Ema Paulino, adiantou que o estudo também analisou “alguns indicadores de poupança” para o SNS, e, particularmente, para os utentes pelo facto de, pela primeira vez, terem podido escolher este ano o local onde pretendiam ser vacinados.
Ema Paulino realçou a estimada poupança direta para os utentes na ordem dos 2,4 milhões de euros “só em deslocações, incluindo transportes públicos, carros e táxis”.
A responsável recordou que havia utentes elegíveis para a vacinação contra a gripe com maior dificuldade de se deslocarem ao centro de saúde pela distância ou pelos horários de funcionamento, os quais optavam por ir à farmácia pagando a parte não comparticipada da vacina e o próprio serviço de administração da vacina.
“Portanto, houve uma poupança para as pessoas que voltaram a eleger a farmácia comunitária como local de vacinação contra a gripe, mas que este ano não tiveram de suportar esses encargos”, na sequência da colaboração das farmácias com o SNS.
O estudo identificou “que uma percentagem muito superior de pessoas (cerca de 55%) foi a pé até a farmácia comunitária para se vacinarem“, quando na época vacinal de 2022/2023 foram apenas 20%, salientou.
Por outro lado, houve pessoas que não tiveram de faltar, por exemplo, ao trabalho para se dirigir ao centro de saúde para serem vacinadas.
A presidente da ANF destacou também o impacto da vacinação nas farmácias na atividade assistencial do SNS: “Estimamos que as farmácias tenham permitido libertar cerca de 310 mil horas de trabalho de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde”.
“Isto representa 685 recursos a tempo inteiro durante três meses que estariam alocados à vacinação e que puderam ser redirecionados para outros atos, nomeadamente nos centros de saúde, representando aproximadamente 10% da capacidade de prestação”, salientou.
Ema Paulino destacou também os resultados do estudo de satisfação que demonstrou que “mais de 94% da população concordou com este alargamento da vacinação para as farmácias comunitárias” e, particularmente, com a proximidade, os horários “e também a confiança no profissional de saúde que administrava as vacinas que permitiu mais uma vez a Portugal superar os objetivos em termos de cobertura vacinal”, sublinhou.
Segundo dados da Direção-Geral da Saúde, foram vacinadas 2.494.957 pessoas contra a gripe, e 1.992.260 contra a covid-19.
“Foi um primeiro ano que correu muitíssimo bem e o contributo das farmácias é inegável. Administramos cerca de 70% das vacinas contra a gripe e contra a Covid-19, mas pretendemos identificar os principais constrangimentos e continuar a combater, eventualmente, alguma hesitação vacinal e alguma saturação vacinal particularmente relacionada com as vacinas Covid-19″, disse Ema Paulino.