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Fact Check. Comentadora da Fox News morreu de “cancro turbo” por causa da vacinação contra a Covid-19? – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Dez 27, 2024


São às dezenas as publicações partilhadas na rede social Facebook denunciando uma alegada relação direta entre a morte de uma comentadora da Fox News e a vacinação contra a Covid-19. “A médica e colaboradora da Fox News Kelly Powers, totalmente vacinada, morreu no domingo após uma série de problemas de saúde, incluindo insuficiência cardíaca e uma batalha contra o cancro do cérebro”, pode ler-se numa das publicações, que descreve Powers como uma defensora dos laboratórios farmacêuticos.

“A Dra. Powers era uma defensora da Big Pharma, descrevendo as empresas de medicamentos e vacinas como ‘não sendo o inimigo’ durante uma aparição na Fox Business, explicando que ‘estão a ajudar-nos, estão a criar vacinas’”, alega o post, que partilha uma foto do título de um artigo do site de desinformação The People Voice — conhecido por publicar notícias falsas ou descontextualizadas.

Kelly Powers, de 45 anos, morreu no início de dezembro, em Nova Jérsia, depois de perder a batalha contra um glioblastoma — o tipo mais comum de cancro no cérebro. Comentadora da Fox News e cirurgiã, Powers ficou conhecida do grande público em 2010, quando começou a aparecer em programas daquela estação televisiva, onde dava conselhos sobre saúde. Desde 2018 que se debatia com vários problemas de saúde.

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Em julho de 2020, depois de ter sofrido uma convulsão, foi-lhe diagnosticado um glioblastoma — trata-se de um dos cancros mais agressivos e letais, com uma taxa de sobrevivência a cinco anos de apenas 5%. Fez três cirurgias e foi submetida a sessões de quimio e radioterapia, tendo o tumor regredido. No entanto, segundo anunciou a própria na sua página de Instagram, em fevereiro de 2024, o cancro regressou — as recidivas são, de resto, muito comuns neste tipo de tumores.

Mas terá a doença oncológica de Kelly Powers alguma relação com a vacinação contra a Covid-19? A resposta é não. As vacinas, que se destinavam a prevenir quadros graves desta doença, só começaram a ser administradas nos EUA em dezembro de 2020, vários meses depois do diagnóstico de cancro de Powers.

O termo “cancro turbo” não é sequer utilizado na comunidade médica e científica. Trata-se de um termo usado pelas apoiantes das teorias anti-vacinas, que associam a vacinação a episódios de cancros mortais e fulminantes. Ora, não só os cancros de evolução rápida (e extremamente letais) sempre existiram, como não há quaisquer evidências de que se possa estabelecer uma relação de causa-efeito entre a vacinação contra a Covid-19 e o cancro.

Conclusão

Não existe qualquer relação entre a morte de Kelly Powers e a vacinação contra a Covid. Os glioblastomas são cancros extremamente agressivos e mortais, com elevada taxa de recidiva. Para além disso, a vacinação em massa nos EUA começou vários meses depois do diagnóstico oncológico da comentadora da Fox.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.


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