Um vídeo divulgado na rede social Instagram dá a entender que a missão espacial que levou o Homem à lua pela primeira vez, na verdade, nunca aconteceu. Estávamos em 1969 quando este grande passo para o Homem foi dado. As imagens foram divulgadas na televisão, mas, desde então, várias teorias negacionistas foram surgindo.
Na base da suspeita desta página de Instagram está um vídeo alegadamente da NASA numa das suas missões lunares feita anos mais tarde, em que um Rover (um pequeno veículo elétrico usado para explorar a Lua) se desloca com alguma velocidade na superfície lunar, fazendo levantar uma nuvem de pó. E lê-se, na publicação, a frase: “A poeira lunar reage como na Terra?”
Na publicação compara-se depois este vídeo com outras filmagens, feitas em Terra, em que diferentes pessoas levam a cabo determinadas ações, projetando poeira. Exemplo disso é o vídeo de uma dançarina, que levanta pó com o pé, e o vídeo de um momento em que há uma tacada de golfe.
Mas vamos por partes: afinal, o vídeo do Rover lunar é ou não real? A resposta é sim e remonta, “possivelmente”, ao ano de 1972, diz a Agência Espacial Portuguesa ao Observador.
“O Lunar Roving Vehicle (LRV) foi enviado à Lua e usado nas missões Apollo 15, 16 e 17 da NASA nos anos 70. O veículo tinha uma velocidade máxima de cerca de 10km/h e permitiu percorrer uma distância de 25-35km em cada missão. O vídeo, possivelmente, corresponde à Missão Apollo 16, em particular ao dia 21 de Abril de 1972”, explica a Agência Espacial Portugal.
Esta filmagem foi, inclusivamente, divulgada no canal de Youtube “NASA Glenn Research Center”. E parte dela foi usada em 2019 por estagiários da NASA, que fizeram um videoclipe com base numa música da artista Ariana Grande e divulgaram-no depois na rede social X.
???? “We’ll explore the universe because we’re N-A-S-A!”????
Inspired by our #Artemis missions to explore the Moon and Mars, @NASAInterns working at @NASAJohnson remixed @ArianaGrande’s song “NASA” to create a music video. Press play and turn this up????: pic.twitter.com/POztP4g5NM
— NASA (@NASA) September 8, 2019
Para explicar o porquê de a poeira lunar reagir da forma que é retratada no vídeo, a Agência Espacial Portuguesa começa por sublinhar que “existe gravidade em todo o Universo”, contradizendo a ideia de que na Lua esta realidade é diferente.
E acrescenta: “Um corpo mais massivo (como a Terra) ‘produz’ mais gravidade do que um corpo menos massivo (como a Lua). Sendo assim, na superfície da Lua há, de facto, gravidade que, de forma simplificada, corresponde a 1/6 da gravidade na superfície da Terra. Isto quer dizer que qualquer corpo irá cair para a superfície da Lua, embora mais lentamente do que acontece na Terra.”
No vídeo, remata a agência portuguesa, a poeira lunar efetivamente cai, mas “mais lentamente do que o faz na Terra”.
Esta poeira que se encontra na superfície lunar tem origem em rocha desfeita, que compõem a superfície lunar, lê-se no site da NASA. Esta rocha é bastante prejudicial e há muito que é vista pelos cientistas e astronautas como um problema a enfrentar. Isto porque afeta os aparelhos usados pelo Homem na Lua (porque entope alguns dos equipamentos e provoca sobreaquecimento de outros) e também afeta os fatos usados pelos astronautas, rasgando-os.
Na Terra, a poeira existente é “suavizada” pela erosão (através da chuva e do vento), algo que não acontece na Lua. Assim, explica a NASA, as partículas de poeira lunar acabam por ser muito afiadas. Além disto (e uma vez mais ao contrário do que ocorre na Terra), na Lua as partículas de poeira não estão compactadas, o que significa que qualquer atividade na superfície provoca uma projeção desta poeira.
Conclusão
Não é verdade que a missão espacial à Lua tenha sido falsa, numa avaliação feita tendo por base o vídeo de um rover a deslocar-se na superfície lunar (gravado anos mais tarde, em 1972). Este vídeo, em que é projetada poeira lunar, é verdadeiro, uma vez que na superfície da Lua existe, além de alguma gravidade, poeira composta por rocha desfeita que não está compacta e é facilmente projetada.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.