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Fact Check. País “despediu-se” de Pedro Andersson? – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Mai 13, 2024


O método multiplica-se no Facebook, numa fraude que envolve supostas plataformas de criptomoedas, sem habilitação para exercer em Portugal, que usam entrevistas reais e manipulam imagens de sites de órgãos de comunicação social para se promoverem. É o que acontece nesta publicação que envolve o especialista em finanças pessoais Pedro Andersson que, ao Observador, diz que tudo o que é referido na publicação é “absolutamente falso”.

Na publicação surge uma fotografia de Andersson e uma frase que desperta atenção: “Um dia difícil para Portugal: despedimo-nos de Pedro Andersson.” O método é quase sempre o mesmo nas publicações do género: uma fotografia da figura pública a que se refere — neste caso, Pedro Andersson –, com um link falso que, em alguns casos, remete para um site que nada tem a ver com o que é referido e, noutros casos, para uma página falsa do jornal digital Eco.

No caso concreto em análise é isso mesmo que acontece e o utilizador é reencaminhado para uma página falsa do jornal Eco com uma suposta notícia sobre uma entrevista de Pedro Andersson ao programa da SIC “Casa Feliz”, apresentado por João Baião e Diana Chaves —  tal que já tinha acontecido noutras publicações analisadas pelo Observador. O título em destaque: “Banco de Portugal processa Pedro Andersson pelo que disse ao vivo na TV.” O texto faz referências que não existiram na conversa real (que pode ver aqui) e, pelo meio, remete-se o leitor para uma suposta plataforma de criptomoedas.

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Dada a sua área de especialização, Andersson é uma figura recorrentemente usada nestas publicações e, ao Observador, diz-se “vítima, pessoal e profissionalmente, numa burla”. Fala também nas inúmeras publicações que o envolvem, sempre falsas, e nas queixas que já apresentou, incluindo ao Ministério Público.

Também diz que o caso é complexo, já que se trata de “uma denúncia contra desconhecidos e os endereços [das plataformas] estão sempre a mudar”. Alerta ainda para uma outra forma de burla que tem aparecido mais recentemente e que volta a envolvê-lo: “Um deepfake com cara e voz, num vídeo em que me põem a dizer coisas completamente falsas, para as pessoas acederem às plataformas e colocarem lá dinheiro.”

No seu podcast “Contas-Poupança”, Andersson já tinha falado neste assunto, numa tentativa de alertar e sensibilizar o público para os riscos de burla que existem: “Uma das burlas que está a decorrer neste momento está a usar o meu nome de uma forma criminosa e abusiva. Usam uma foto verdadeira da minha presença no programa da SIC “Casa feliz” onde fui falar do meu novo livro, mas o texto do artigo cita uma conversa que nunca existiu onde alegadamente promovo uma plataforma de investimento. É burla.”

Printscreen do site para onde o link reencaminha. Esta página do jornal Eco é falsa.

O esquema é semelhante a outros que já surgiram no Facebook, envolvendo outras figuras públicas, e que já foram analisados pelo Observador no passado, com o Banco de Portugal a alertar para o facto de serem páginas que “poderão integrar-se num esquema de natureza fraudulenta, dirigido a obter ganhos patrimoniais de potenciais clientes que julgam (erradamente) estar a investir em ativos virtuais”.

O BdP disse ter “tido conhecimento de situações similares à relatada, envolvendo outras figuras públicas e outras supostas entidades/plataformas que afirmam dedicar-se a atividades com ativos virtuais, quando, na realidade, desenvolvem apenas esquemas fraudulentos”. Não são adiantados dados concretos devido ao segredo bancário e ao segredo de justiça, no entanto, a entidade afirma que “o número de processos de averiguação abertos relacionados com este tema aumentaram significativamente nos últimos tempos”.

Têm sido publicados “alertas genéricos sobre os riscos dos ativos virtuais”, por parte do Banco de Portugal, bem como “avisos públicos alertando para o facto de determinada(s) entidade(s), pessoas singulares e coletivas, marcas e websites, não se encontrarem registadas junto do Banco de Portugal para desenvolverem atividades com ativos virtuais”, refere a instituição. Além disso, o BdP adiantou que “tem igualmente comunicado às autoridades com competência para a investigação criminal todos os indícios de crime que apura no exercício das suas competências”.

Fact Check. Entrevista de João Baião a Pedro Andersson interrompida pelo Banco de Portugal?

Conclusão

A frase “um dia difícil para Portugal: despedimo-nos de Pedro Andersson” é um isco para uma burla online que envolve, mais uma vez, o nome do especialista em finanças pessoais. A publicação chama a atenção dos utilizadores para uma suposta notícia numa página falsa de um órgão de comunicação social que aproveita, por sua vez, as imagens de uma entrevista de Andersson na SIC. Trata-se de uma tentativa de fraude, usando não só a imagem de uma entrevista onde não foi dito nada do que é referido, como também de um órgão de comunicação social para criar uma notícia que nunca foi avançada. Pedro Andersson diz que o que consta na publicação é “absolutamente falso” e que já avançou com várias queixas, mas contra desconhecidos. O Banco de Portugal diz que a publicação “poderá integrar-se num esquema de natureza fraudulenta”, que usa supostas plataformas de criptomoedas, e alerta para a existência de várias situações similares envolvendo outras figuras públicas.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.


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