A narrativa de que a revista Rolling Stone publicou uma notícia onde concluía que a pedofilia era um “apito canino islamofóbico da extrema-direita” está a circular nas redes sociais. Em primeiro lugar, “apito canino” é a tradução de dog whistle que, além da normal definição de apito para cães, é uma expressão usada em termos políticos: trata-se de uma técnica atribuída à extrema-direita que, tal como estes apitos, é usada para dirigir mensagens específicas a públicos específicos — a comparação é feita porque os apitos caninos não são audíveis pelos humanos.
Ora, na imagem que circula nas redes pode ler-se a seguinte frase: “‘Falar abertamente’ contra a pedofilia é um apito canino islamofóbico da extrema-direita”, sendo que a revista teria ainda explicado no subtítulo que se trata de uma obsessão por “proteger as crianças” e “punir os violadores” que tem “tons questionáveis de intolerância que lembram a recente propaganda do Kremlin dirigida aos migrantes norte-africanos”.
Apesar da imagem e das muitas partilhas nas redes sociais, não é verdade que a revista Rolling Stone tenha publicado tal artigo. A imagem e as frases atribuídas à revista foram manipuladas e no site não existe qualquer peça com aquele título.
Aliás, à Reuters, um porta-voz da Rolling Stone confirmou exatamente que a imagem é “obviamente falsa”. Através de uma pesquisa é possível perceber que no mesmo dia, à mesma hora e assinado pelos mesmos jornalistas foi, sim, publicada uma manchete sobre um relatório que revelava que o “lobby de Israel” pretendiam fazer passar a ideia de que as pessoas em Gaza não estão a morrer de fome.
Conclusão
É falso que a revista Rolling Stone tenha publicado um artigo onde escreve que a extrema-direita fala sobre a pedofilia como um dog whistle islamofóbico por parte da extrema-direita. Como é possível perceber no site da revista há um artigo publicado no mesmo dia, à mesma hora e pelos mesmos autores, o que leva a concluir que houve uma manipulação do conteúdo que foi colocado a circular. Além disso, um porta-voz da revista confirmou que se trata de um artigo falso.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.