A primeira vez terminou com uma derrota nas meias-finais frente ao Chelsea no desempate por penáltis, a segunda ocasião logo na temporada seguinte culminou com a conquista do troféu após vitória com o mesmo Chelsea na decisão. Cinco anos depois, o FC Porto voltava a uma Final Four da Youth League em Nyon, no prolongamento daquilo que é quase uma marca nacional na competição: em oito das dez edições da Liga dos Campeões de Sub-19, houve uma formação portuguesa entre as quatro melhores da Europa. E os dragões não queriam ficar por aqui, tentando dar mais um passo no sentido de juntar-se a Barcelona e Chelsea como as únicas formações a ganharem por mais do que uma vez a competição. Adversário? O AC Milan, conjunto italiano que esteve também nas meias-finais na última temporada e que chegava agora a esta fase depois de triunfos no desempate por grandes penalidades frente ao Sp. Braga e ao Real Madrid em casa.
“É uma equipa competente, que joga bem na primeira fase de construção, com qualidade técnica, jogadores de meio-campo fortes fisicamente e tecnicamente evoluídos, com um ataque à italiana, que finaliza com muita facilidade. Queremos ser uma equipa competente, pressionante, que provoca erros ao adversário e joga no seu meio-campo de forma a demonstrarmos a nossa qualidade e talento. O mais importante para mim é focarmo-nos apenas no nosso jogo. Tudo se pode definir nos detalhes e queremos demonstrar a nossa imagem. Eles sabem que são a bandeira da formação do FC Porto. Há cinco gerações nesta equipa e eles sabem que, se demonstrarem o que são e o que aprenderam no FC Porto, se mostrarem a identidade do clube e forem uma verdadeira equipa, estamos mais perto de ganhar”, frisara na antevisão Nuno Capucho.
“Temos um objetivo de formar jogadores. O princípio básico é formar a ganhar mas muitas vezes não conseguimos isso. Achamos que eles têm maturidade para estarem nos campeonatos profissionais e lá, com campeonatos competitivos, aguentam-se bem, é sinal de que estão desenvolvidos e que temos qualidade no nosso clube. Queremos tentar definir o jogo nos 90 minutos. Que eles continuem a ser a equipa que foram na fase de grupos, uma equipa que tem prazer de jogar à bola, que gosta de ter a bola e criar oportunidades, de meter fantasia e dar alegria às pessoas. É essa a identidade deles. Mas também treinamos todas as semanas penáltis, porque faz parte do jogo também”, acrescentara o técnico portista aos órgãos oficiais do clube.
Depois de uma fase de grupos que terminou com um primeiro lugar em confronto direto com o Barcelona, que apesar de ter surpreendido no Porto acabou por ser goleado pelos dragões na Catalunha, o FC Porto foi aos Países Baixos eliminar o campeão em título AZ nas grandes penalidades antes de carimbar a chegada à Final Four com uma goleada que ficou na retina diante dos alemães do Mainz. Agora, mesmo começando a perder frente a um AC Milan que se torna mais forte em vantagem, os dragões conseguiram a reviravolta, voltaram a mostrar o que conseguem fazer mesmo misturando jogadores de várias idades e deram um grito de revolta numa altura em que tanto se fala da formação azul e branca. Todavia, nos descontos, voltaram a facilitar. Os transalpinos garantiram nas grandes penalidades a final diante do Olympiacos mas nem por isso sai beliscada a ideia de uma equipa com muito talento talhado para chegar à equipa principal a começar por Gabriel Brás, capitão que teve um jogo para esquecer mas que tem um largo futuro pela frente.
Após um início de jogo sem oportunidades, o AC Milan inaugurou o marcador no primeiro remate à baliza: Filippo Scotti aproveitou um erro de Gabriel Brás numa abordagem após lançamento lateral, ganhou a frente descaído sobre a direita e rematou para o 1-0 (12′). O FC Porto conseguiu reagir, aproximou-se da baliza dos italianos ainda que sem grandes chances mas chegou ao empate ainda antes do intervalo, com Bartesaghi a cortar a bola com o braço na área e Jorge Meireles a não desperdiçar a grande penalidade que relançava o encontro e tirava os rossoneri da zona de conforto onde estavam depois da vantagem (41′).
O segundo tempo recomeçou com a tendência geral da partida a manter-se, entre um FC Porto a conseguir mais posse e o AC Milan, sempre seguro em termos defensivos, a procurar saídas rápidas para o ataque. Os minutos passavam e só mesmo a bola parada conseguiu desatar o nó, com Gabriel Brás a redimir-se do erro no golo dos transalpinos e a desviar de cabeça um canto de Jorge Meireles (65′). Os dragões chegavam à reviravolta, o jogo começava a partir de vez: Rodrigo Mora acertou no poste, Diogo Fernandes impediu o empate com uma grande defesa, Gil Martins acertou num adversário sem guarda-redes na baliza, Anhá Candé atirou perto do poste em duas ocasiões. A final parecia garantida mas outro erro de Gabriel Brás deitou tudo por terra, com um passe intercetado por um adversário que valeu o 2-2 a Simmelhack (90+3′). A decisão seguiria mesmo para as grandes penalidades, com os transalpinos a ganharem por 4-3.