A presidente da Humanitas — Federação Portuguesa para a Deficiência Mental lamentou esta terça-feira que as pessoas com deficiência intelectual sejam marginalizadas na discussão sobre os desafios ambientais e adoção de práticas sustentáveis.
No Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, que se assinala esta terça-feira, Helena Albuquerque disse à agência Lusa que o ambiente é mais uma área, entre outras, em que “as pessoas com deficiência intelectual muitas vezes não são valorizadas da forma que devem”.
“É uma área na qual as pessoas com deficiência intelectual têm sido um pouco desvalorizadas, por se achar que a sua opinião não tem valor, e têm sido pouco envolvidas em todas as políticas e temas que respeitam à comunidade”, salientou.
Segundo um comunicado da Humanitas, as pessoas com deficiência “não só são mais vulneráveis aos impactos negativos das alterações climáticas, como também são mais suscetíveis de serem excluídas das conversações e ações destinadas a proteger e promover o direito a um ambiente limpo e saudável”.
Para estes cidadãos terem uma ação acrescida e socialmente inclusiva em matéria de alterações climáticas, foi lançado há dois anos o projeto Green Enough, que envolveu cinco instituições europeias, entre elas a Associação para a Recuperação de Cidadãos Inadaptados da Lousã (ARCIL), da Lousã, no distrito de Coimbra.
Os resultados do projeto são apresentados esta terça-feira na Coimbra Business School, no seminário internacional Green Enough: Capacitação de práticas sustentáveis para todos”, organizado em parceria entre a Humanitas e a ARCIL.
“Este projeto tem muito valor porque não só tem manuais de capitação em linguagem acessível para as pessoas com deficiência intelectual, que os informa e capacita, como também tem materiais para os seus cuidadores formais e informais para que possam trabalhar com eles estas temáticas”, explicou Helena Albuquerque.
Para a responsável, este seminário “é uma excelente forma de assinalar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência e, ao mesmo tempo, permitir que todos percebam a importância e urgência do tema, não apenas no plano nacional, mas a nível internacional”.
Ao longo dos últimos dois anos, o projeto Green Enough desenvolveu uma série de materiais didáticos acessíveis para promover a inclusão de pessoas com deficiências de desenvolvimento e/ou intelectuais nas conversas sobre as alterações climáticas e capacitá-las para tomarem as suas próprias decisões no sentido de implementarem práticas sustentáveis.