Em comunicado, a Câmara Municipal do Seixal, no distrito de Setúbal, explica que o festival de entrada gratuita se realiza de forma descentralizada em várias freguesias do concelho e terá uma programação que incidirá em questões como a conquista de direitos e liberdades após a revolução de Abril, a defesa de direitos humanos fundamentais e o exercício pleno da cidadania, num ano em que se assinala o 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974.
Este ano, adianta a autarquia, serão apresentadas oito peças, que abordam temas atuais, textos de “grande relevo e das melhores dramaturgias”, assinadas por companhias de “grande projeção nacional”, num conjunto que inclui a Animateatro, companhia de teatro do concelho do Seixal.
Três espetáculos terão audiodescrição e tradução em língua gestual portuguesa. Para dois destes a Câmara Municipal do Seixal disponibilizará autocarro para pessoas cegas, entre a Estação do Fogueteiro e o Auditório Municipal do Fórum Cultural do Seixal.
O transporte para pessoas cegas estará disponível logo no primeiro dia do festival, 14 de novembro, para a peça “Urgência Climática”, pela companhia Hotel Europa, no Auditório Municipal do Fórum Cultural do Seixal.
A peça assenta na ideia quase unânime entre cientistas de que as mudanças climáticas são as principais causas de um elevado número de desastres naturais.
No último dia do festival, 24 de novembro, haverá também transporte assegurado para pessoas cegas para o espetáculo “O Tamanho das Coisas”, pela estrutura Terra Amarela, igualmente no auditório do Fórum Cultural do Seixal.
O auditório municipal recebe ainda, no dia 17, a peça “Democracia Portátil”, por José Leite, também com língua gestual portuguesa e audiodescrição, e a 22 de novembro, a peça “1984”, pelos Artistas Unidos.
Nos restantes dias as peças serão apresentadas em espaços espalhados pelo concelho.
A 15 de novembro, sobe ao palco na Fábrica da Pólvora de Vale de Milhaços, a peça “Candeia Acesa”, pela Animateatro, companhia do concelho.
Esta peça, segundo a organização, é uma homenagem ao fado e ao destino, como motor de renovação.
A 16 de novembro, o Espaço Teatro da Terra — Centro de Criação Artística recebe a peça “No Meu Bairro”, pela Sociedade das Primas — Associação Cultural.
O espetáculo é uma criação para a infância e adaptação teatral do livro homónimo da escritora Lúcia Vicente, juntando literatura, música e teatro para contar a história de várias crianças que dialogam e se interrogam sobre representatividade e diversidade de género, familiar e étnica, assim como assuntos transversais como deficiência, feminismo e ‘bullying’.
No dia 21 de novembro, a Escola Secundária da Amora recebe a peça “Magdalena”, pelo Teatro Bravo. A sessão das 15:00 é reservada aos alunos da escola e às 21:00 destina-se ao público em geral, mediante reserva prévia.
A peça “Trash”, pelo Teatroàfaca, sobe ao palco no dia 23 de novembro, no Auditório Municipal de Miratejo.
“Trash” é o retrato de um jovem escritor preso em casa durante a pandemia de covid-19. Sem trabalho, sem dinheiro, sem vida social e sem perspetivas de melhoria, a sucessão de acontecimentos e circunstâncias transportam o jovem numa espiral de rápida degeneração da sua saúde mental, até comparar a sua própria existência com lixo.
Em comunicado, o presidente da Câmara Municipal do Seixal explica que a descentralização e a gratuitidade do festival “significam uma aposta clara na democratização do acesso à cultura, enquanto condição que aprimora a vida em comunidade”.
O conjunto de espetáculos em cartaz, segundo Paulo Silva, propõe ainda contribuir para “uma reflexão sobre a democracia num mundo em constante evolução — marcado por desafios ambientais, económicos, sociais e culturais — e o papel que esta desempenha enquanto garante de igualdade, de representação e de inclusão”.
A programação do 41.º Festival de Teatro do Seixal, segundo a autarquia, promove o debate de ideias e a capacidade crítica do público relativamente a temas relevantes da atualidade; privilegia projetos interventivos que promovam a cidadania, a consciência social, a construção identitária e a interculturalidade, de autores contemporâneos e de artistas emergentes.
Outro dos destaques do festival será a realização de uma Oficina de Criação Teatral, dirigida ao público escolar.