• Dom. Dez 29th, 2024

Feijoada Politica

Notícias

“Foi após o acidente que Christopher Reeve se tornou de facto no Super-Homem” – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Dez 28, 2024

O que faz do Super-Homem um Super-Homem? Essa é a pergunta que levou Ian Bonhôte e Peter Ettedgui a realizar um filme sobre Christopher Reeve. Ainda que o tema assim descrito seja uma das grandes armadilhas deste Super/Homem: A História de Christopher Reeve, documentário que se estreou nos cinemas há umas semanas e, agora, está disponível na Max.

Porquê armadilha? Ora bem, os realizadores partem da ideia de que Reeve foi um super-herói (aliás, um Super-Homem) no cinema e voltou a sê-lo no mundo real, quando ficou tetraplégico em meados dos anos 1990 e procurou soluções — para não usar a palavra cura – que o permitissem voltar a andar, ou pelo menos ter uma vida um pouco mais normal. A armadilha é esta: o filme não é bem sobre o ator, mas sobre a sua família, a segunda mulher, Dana Reeve, e os três filhos. Estes, aliás, foram indispensáveis para a existência do documentário, tal como é explicado por Ian Bonhôte nesta conversa com o Observador. De certa forma – e é preciso ver o documentário para o perceber – havia mais do que um super herói na família.

Christopher Reeve, Super-Homem no cinema, herói no mundo real

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Bonhôte e Peter Ettedgui já tinham trabalhado a memória de Lee Alexander McQueen em McQueen (2018) e a importância dos Jogos Paraolímpicos em Rising Phoenix (2020). Super/Homem documenta a vida de alguém carismático do passado recente e fá-lo com um pesar consciente dos danos causados: do acidente e da morte do ator. De como ambos os momentos afetaram a família e os amigos — sobretudo Robin Williams, melhor amigo de Reeve, com quem tinha uma ligação muito forte.

Quem era o verdadeiro Super-Homem? Christopher Reeve foi o primeiro ator super-herói com força no imaginário popular. Para muitos, só há a memória dele com aquela capa vermelha e, posteriormente, numa cadeira de rodas. Este filme não tem argumentos contra isso, mas é uma exposição de como há um superpoder qualquer no ato de acreditar.

[o trailer de “Super/Man”:]

Enquanto esperava pelo começo desta conversa, recebi uma notificação com o trailer do novo filme do Super-Homem. Mas a verdade é que a interpretação de Christopher Reeve continua a ser muito especial. Porquê?
Ele foi o primeiro a encarnar o Super-Homem, isso tem importância, ainda que seja sobretudo matemática. Depois, há algo que também referirmos no filme, que foi terem feito acreditar de que ele conseguia mesmo voar. Por último, há o charme dele e a capacidade de conseguir ser o Super-Homem e o Clark Kent ao mesmo tempo. Ele carregava aquela masculinidade do Super-Homem e aquele ar frágil, meio palhacito, do Kent. Ele soube combinar bem essa dualidade, essas duas personagens. Junta-se isso ao feito técnico e há ali qualquer coisa que não é replicável.

Não é o vosso primeiro documentário biográfico sobre uma grande figura da cultura popular da segunda metade do século XX. O que vos levou a Christopher Reeve?
Abordaram-nos… a ideia surgiu do Daniel Kilroy, foi ele que falou com a família primeiro. Falou com o Matthew [Reeve, um dos filhos de Christopher Reeve], que confessou que já tinha sido abordado no passado. A Alexandra [filha de Reeve] também já tinha sido abordada e, tal como o irmão, tinha dito sempre não. Mas quando o Kilroy os abordou, eles estavam mais ou menos prontos para falar, estavam a vender a casa que pertencia ao Christopher e à Dana [segunda mulher de Reeve e mãe de Will, o terceiro filho do ator]. E tinham este um imenso arquivo familiar, falavam entre eles sobre o que deveriam fazer com tudo aquilo, porque não sabiam bem como tratar aquela informação. Quando o Daniel os abordou, eles sentiram-se confiantes e foi nessa altura que entrámos.

Estiveram com os três antes de começarem o fazer o filme?
Começámos a falar com eles por Zoom, como estamos a fazer agora, e depois fomos ter com eles, a Londres e Nova Iorque. Houve algo de especial em estar fisicamente com os três, são boas pessoas, muito inteligentes, muito bonitos. E são uma combinação do pai, a Alexandra tem a parte ativista, o Will é entusiasta e sabe entreter, até por causa da sua profissão [é jornalista do programa americano Good Morning America] e o Matthew é realizador. Sentimos que ao entrevistá-los apanhámos alguma da essência do Christopher. E depois vimos o arquivo, muito, muito rico. Honestamente, sentimos que se o filme não fosse bom, seria por culpa nossa, que não teríamos capacidade e teríamos desperdiçado material de enorme qualidade. E depois aprofundámos a história do Christopher, todo o ativismo dele após o acidente e a sua busca para uma cura para as pessoas com paralisia e como ele venceu o medo e, pelo que percebemos, a vergonha de ser tetraplégico. Tornou-se na voz de uma comunidade com pouca representação. Foi após o acidente que Christoper Reeve se tornou de facto no Super-Homem. Tornou-se a voz e a esperança de muita gente.





Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *