Do futebol para a política. Durante 18 anos o seu dia-a-dia foi passado nos relvados, mas desde 2016 que o Parlamento é o centro da sua agenda. Mikhail Kavelashvili foi este sábado eleito Presidente da Geórgia, o sexto desde a independência do país da União Soviética em 1991.
Pelo caminho criou o partido Força Popular, que tem posições anti-Ocidente e tem-se destacado pelas críticas aos Estados Unidos da América. O novo chefe de Estado, de 53 anos, é frequentemente criticado pela oposição por estar a assumir cargos políticos sem ter formação superior.
Antigo jogador do Manchester City, Mikheil Kavelashvili, eleito Presidente da Geórgia
A eleição de Kavelashvili era dada como certa, uma vez que este que era o único candidato à Presidência tinha sido escolhido pelo partido do poder, o Sonho Georgiano (SG), que nas eleições parlamentares de outubro conseguiu 54% de votos. Foi a primeira eleição presidencial que a Geórgia fez por sufrágio indireto e Kavelashvili teve o apoio de 224 deputados (em 230).
Mas só nos últimos nove anos é que a vida de Kavelashvili passou a ser dedicada à política. Antes disso, o foco era o futebol: iniciou a carreira em 1989 e seis anos depois chegou ao Manchester City, onde jogava como avançado. Mas a passagem na equipa da Premier League durou apenas dois anos, tendo saído em 1997, após ter marcado apenas três golos em 29 jogos.
Na altura, o City ainda estava longe da potência futebolística que é hoje — com oito ligas inglesas e uma Champions desde 2008, altura em que foi comprado pelo xeque Mansour bin Zayed al-Nahyan.
Kavelashvili foi emprestado pelo City ao clube suíço Grasshopers e não voltou a regressar ao City. Daí até ao fim da sua carreira, em 2007, limitou-se aos clubes suíços e a um clube russo, o Spartak Vladikavkaz.
Vamos dar um salto para 2016, pois foi neste ano que Mikhail Kavelashvili aterrou na política. Foi eleito deputado nesse ano pelo partido Sonho Georgiano, que tinha sido criado poucos anos antes. Foi esta a força política que venceu as últimas eleilões parlamentares, no final de outubro. Obteve 54% dos votos, ficando a controlar o Parlamento georgiano, mas desde aí que a oposição contesta os resultados, alegando que a Rússia manipulou os resultados. Isto porque o SG foi criado por Bidzina Ivanishvili, que terá feito a sua fortuna na Rússia.
Presidente da Geórgia recusa deixar o cargo sem novas eleições legislativas
Depois de ganhar experiência na nova área de interesse, em 2022 Kavelashvili co-fundou o partido Força Popular (People’s Power, em inglês) — que se uniu ao Sonho Georgiano para as eleições de outubro. Este grupo, considerado dissidente do SG, promoveu a aprovação de leis contra a influência estrangeira (em particular dos Estados Unidos) e as minorias sexuais, defendendo posições semelhantes às que são promulgadas pela Rússia para reprimir os homossexuais.
O partido defende, por exemplo, que o financiamento estrangeiro das Organizações Não-Governamentais deve ser limitado, de forma a que a influencia de países externos seja travada. E critica ainda a política dos Estados Unidos na Geórgia em termos de financiamento, argumentando que os norte-americanos só querem reforçar os seus interesses no país.
De acordo com a Associated Press, Kavelashvili, que é criticado pelos partidos da oposição por exercer cargos políticos sem ter um curso superior, foi também o autor de uma lei que exige que as organizações que recebem mais de 20% do seu financiamento do estrangeiro se registem como estando a ir atrás “dos interesses de uma potência estrangeira”, semelhante a uma lei russa.