(em atualização)
Há uma semana, depois de serem conhecidos os resultados da primeira volta das legislativas, André Ventura felicitou os franceses por darem “o exemplo da mudança que tem de ser feita”. O líder do Chega via nessa vitória da União Nacional, de Marine Le Pen, um sinal de que a Europa estava “a acordar”: “Em breve, será Portugal!”, garantiu.
Este domingo, porém, perante os números que atiram a extrema-direita francesa para o terceiro lugar e dão a vitória à aliança de partidos de esquerda, Ventura fala numa “verdadeira derrocada para a Europa”: “Desastre para a economia, tragédia na imigração e mau no combate à corrupção”, antecipa.
Desastre para a economia, tragédia na imigração e mau no combate à corrupção. Se se confirmarem estes resultados em França é uma verdadeira derrocada para a Europa!
— André Ventura (@AndreCVentura) July 7, 2024
Depois da publicação do presidente do partido, o Chega repetiu os argumentos que Marine Le Pen e Jordan Bardella usaram nos discursos de derrota. Em comunicado, o partido destacou o facto de a União Nacional ter duplicado o número de deputados, garantindo que o resultado “é apenas um adiar daquela que será uma vitória histórica para a Europa”. E apontou para as “alianças contranatura” de que a União Nacional e França foram “vítimas” para explicar o 3.º lugar nas legislativas, antecipando que “vão levar a Europa para um abismo, quer no campo da imigração, como na economia”.
Uma posição, sem surpresas, totalmente oposta à dos partidos portugueses de esquerda, que, ainda na noite de domingo, reagiram às projeções. Também na rede social X, Pedro Nuno Santos felicitou “a esquerda francesa e a sua unidade por este extraordinário resultado”, sublinhando que “a extrema-direita foi claramente derrotada”.
A Nova Frente Popular venceu as eleições em França. A extrema-direita foi claramente derrotada. “A França merece melhor do que uma alternativa entre neoliberalismo e fascismo”, como disse Olivier Faure, secretário-geral do @partisocialiste . Felicito a esquerda francesa e a sua…
— Pedro Nuno Santos (@PNSpedronuno) July 7, 2024
Nesse tweet, o secretário geral do PS optou por citar o seu homólogo do PS francês, um dos partidos que compõem a coligação de esquerda que ficou em primeiro lugar. Mariana Mortágua, na mesma plataforma, optou por destacar o papel da França Insubmissa, como líder da aliança que abriu caminho “a um projeto radicalmente social e ecologista”: “A esperança ganha força na Europa.”
A esquerda derrotou a extrema-direita. O povo francês mostrou que a escolha não é entre o centrão neoliberal e a extrema-direita. A vitória da esquerda, liderada pela @FranceInsoumise, abre caminho a um projeto radicalmente social e ecologista. A esperança ganha força na Europa.
— mariana mortágua (@MRMortagua) July 7, 2024
Em comunicado, o Livre assinalou que “os eleitores franceses mobilizaram-se e afluíram em massa às urnas para evitar o primeiro governo de extrema-direita desde a Segunda Guerra Mundial”, mas referiu que este é, “de longe, o melhor resultado de sempre da extrema-direita em eleições legislativas em França”.
O partido liderado por Rui Tavares destacou que este é “o momento de agir e de pôr em prática as medidas sociais, ecologistas, progressistas que respondam aos anseios de todas e todos os que vivem em França”, considerando ser necessário “criar uma República social e ecologista que seja clara e indubitavelmente feminista, antirracista, ecologista e progressista”.
No PAN, Inês Sousa Real apontou para a elevada participação eleitoral. “Foi um dia bom para a democracia”, escreveu, sublinhando “a vitória do progresso social e ambiental”.
O povo francês derrotou a extrema-direita, com uma das adesões às urnas mais participadas desde 1981 ????
Foi um dia bom para a democracia. Que mostra que nunca se devem decretar vencedores antecipados e a vitória do progresso social e ambiental.— Inês Sousa Real (@InesSousaReal) July 7, 2024
Pouco depois das projeções e quando ainda faltavam resultados oficiais, Marcelo Rebelo de Sousa disse que estava a observar “atentamente” os acontecimentos França, considerando que “o que o povo decide está bem decidido”.
Perante a indicação da parte dos jornalistas de que o presidente francês, Emmanuel Macron, preferia comentar as eleições só na segunda-feira, Marcelo Rebelo de Sousa frisou: “Se o Presidente francês não sabe o que dizer, imagina o Presidente português sobre o que se passa num país amigo”.
“Portanto, eu observo atentamente o que se passa e que é muito importante para a Europa. Vamos esperar os resultados finais e, depois, amanhã ou depois de amanhã, eu falarei”, limitou-se a acrescentar.