O artista plástico Francisco Trêpa venceu o Grande Prémio do Sovereign Portuguese Art Prize 2024, no valor de 25 mil euros, pela obra “Dripping Stage”, uma escultura em cerâmica, de contornos orgânicos e poéticos, inspirada numa larva de inseto.
O anúncio, esta quinta-feira divulgado, foi feito no dia 7 de dezembro pela Associação SAF, filial portuguesa da Sovereign Art Foundation, criada em 2003 em Hong Kong para promover, apoiar e reconhecer a arte contemporânea e incentivar a produção artística, bem como financiar programas para crianças desfavorecidas em Portugal, naquela que é a terceira edição deste prémio anual.
O artista João Alexandrino — JAS recebeu o prémio do voto do público, no valor de 2.000 euros, com “run rabbit run”, uma obra dinâmica de ‘mixed media’, que surge como fuga para um espaço mais alargado da memória, tendo recebido o maior número de votos do público, tanto na Exposição dos Finalistas como ‘online’, destacam os promotores do prémio.
A prática artística de Francisco Trêpa “parte de uma investigação profunda das relações simbióticas que sustentam os sistemas ecológicos e existenciais, recorrendo a diferentes materiais (cerâmica, cera e madeira) para criar esculturas que personificam ideias de transformação, passagem e transmutabilidade”.
A peça com que foi agora distinguido, “Dripping Stage”, é a primeira de um corpo de trabalho que o artista tem vindo a desenvolver nos últimos três anos.
“Sendo um artista jovem, no início de carreira, fico feliz por saber que o reconhecimento que aqui me é dado e confiado é feito em prol do trabalho, e nada mais. Esta escultura, que agora se torna ainda mais especial, foi a primeira peça do corpo de trabalho que comecei a desenvolver há três anos. Ela surgiu num gesto de humildade e auto-reconhecimento perante a minha prática e perante mim mesmo. Foi com esta escultura que me reconectei com o meu imaginário e com a modelação”, afirmou o artista no discurso de aceitação do prémio, citado no comunicado da organização.
Francisco Trêpa confessou ainda ter duvidado de que este fosse o caminho certo, mas aidna assim nunca deixou de o percorrer, pelo que este momento ganha ainda mais importância.
O presidente do júri, David Elliott, afirmou que “a obra ‘Dripping Stage’, de Francisco Trêpa, chamou a atenção dos jurados, desde logo, pela sua impenetrabilidade pouco ortodoxa, mas o seu magnetismo vai muito além de qualquer choque inicial. Baseia-se, sobretudo, na sua ausência intrínseca de consenso e na confiança da sua visão dissonante”.
A exposição que serve de base a este prémio foi inaugurada no dia 26 de novembro na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, e contou com obras de 33 artistas plásticos residentes em Portugal, nomeados por profissionais independentes de arte.
Até sábado, as obras vão estar expostas, com o objetivo de lhes dar maior visibilidade pública, exposição no mercado da arte e um maior número de seguidores internacionais.
Pintura, colagens, escultura, fotografia e instalações compõem o conjunto artístico exposto, da autoria de nomes como Jorge Queiroz, vencedor da primeira edição do prémio, Rogério da Silva, Rodrigo Oliveira, Pedro Barateiro, ±maismenos± (Miguel Januário), José Pedro Cortes, Conceição Abreu, Ana Pais Oliveira, Jaime Silva e Isabel Sabino.
Em paralelo, decorre uma mostra dedicada aos 30 finalistas da edição deste ano do prémio para estudantes, que visa reconhecer e premiar talentosos alunos do ensino secundário em Portugal, com um valor monetário de 500 euros para o estudante e 1.500 euros para a escola.
O prémio do público para o vencedor do concurso dos estudantes tem um valor de 300 euros para o aluno e 800 euros para a escola.
Algumas das obras dos estudantes podem ser licitadas num leilão silencioso, também através do QR Code, e os fundos serão divididos em partes iguais entre o artista e a fundação, que usará a sua parte dos resultados para fins de caridade.
O júri da edição deste ano é composto por Tim Marlow, diretor executivo do Design Museum, em Londres; David Elliot, escritor, curador e diretor de museus de arte moderna e contemporânea; Philippe Vergne, diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves; Vicente Todolí, diretor artístico da Fundação Pirelli HangarBicocca, em Milão, ex-diretor de Serralves; Maura Marvão, diretora da Philips em Portugal e Espanha; João Paulo Queiroz, presidente da direção da Sociedade Nacional de Belas Artes; e Cassio Markowski, artista e vencedor do Sovereign Portuguese Art Prize 2023.