Em outubro deste ano, António Gandra d’Almeida, o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi submetido a uma cirurgia plástica no hospital de Gaia. Mas uma “denúncia anónima sobre um eventual incumprimento” das regras por parte do responsável levou agora a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) a investigar se Gandra d’Almeida terá passado à frente de outros doentes que estavam em fila de espera, avança o jornal Público.
A IGAS “instaurou um processo de inspeção” para “verificar o cumprimento das normas e orientações técnicas do Sistema Integrado de Gestão do Acesso (SIGA SNS) relativamente à assistência prestada” a António Gandra d’Almeida, disse esta entidade àquele jornal, acrescentando que foi destacada uma equipa para recolher informação e testemunhos no hospital de Gaia, no distrito do Porto.
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De acordo com a IGAS, a abertura de uma investigação trata-se de uma “prática comum”, sendo que são instaurados “processos de ações inspetivas a partir de denúncias anónimas que contenham a descrição de factos suscetíveis de serem investigados”. Em causa está uma “uma denúncia anónima sobre um eventual incumprimento”, por parte de António Gandra d’Almeida, das regras das listas de espera numa unidade hospitalar integrada na Unidade Local de Saúde Gaia-Espinho que foi apresentada à IGAS.
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O médico e tenente-coronel António Gandra d’Almeida alega, contudo, que está a ser vítima de “uma devassa da vida pessoal” e garante que “tudo foi feito segundo as regras”. De acordo com a Direção Executiva do SNS, liderada pelo próprio acusado, “a suspeita clínica e o início do processo aconteceu antes de António Gandra d’Almeida assumir o cargo”, tendo sido “cumpridos todos os pressupostos legais no que toca ao processo e procedimento hospitalar”.
Segundo fontes próximas do caso ouvidas pelo Público, o dia em que se registou a primeira consulta de Gandra d’Almeida no hospital de Gaia (que foi não presencial) foi a 14 de junho. E foi também neste dia que a sua nomeação para suceder a Fernando Araújo — que se tinha demitido do cargo de diretor executivo do SNS a 23 de abril — foi oficializada, após ser aprovada em Conselho de Ministros. As mesmas fontes detalham ainda que Gandra d’Almeida foi inscrito para a cirurgia plástica cerca de três meses mais tarde, a 19 de setembro.
Questionada sobre o caso, a ULS de Gaia-Espinho garante que não recebeu qualquer queixa no seu “canal de denúncias”, detalhando que a lista de espera do hospital tem, até ao momento, 315 doentes em fila de espera para a consulta que antecede a cirurgia plástica. Já na lista para a cirurgia plástica constam 938 doentes, sendo o tempo médio de espera entre consulta e cirurgia de 3,16 meses.