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Gasperini e uma equipa com toque de mito(logia) que chegou ao Olimpo (a crónica da final da Liga Europa) – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Mai 22, 2024

De um lado, Gian Piero Gasperini procurava fazer história com o primeiro troféu europeu da Atalanta. Do outro, Xabi Alonso procurava fazer ainda mais história com um troféu europeu para o Bayer Leverkusen depois da inédita conquista da Bundesliga. Em Dublin, no Aviva Stadium, italianos e alemães defrontavam-se numa final de Liga Europa que estava longe de ser uma espécie de concerto do palco secundário de um festival.

Para a Atalanta, para além de ser provavelmente o jogo mais importante da história do clube, a final surgia uma semana depois da desilusão da Taça de Itália perdida para a Juventus. E Gian Piero Gasperini, que já deixou o legado de ter alcançado a primeira qualificação de sempre para a Liga dos Campeões, corria o extraordinário risco de assinar mais um capítulo da própria dinastia em Bérgamo.

Ficha de jogo


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Atalanta-Bayer Leverkusen, 3-0

Final da Liga Europa

Aviva Stadium, em Dublin (Irlanda)

Árbitro: István Kovács (Roménia)

Atalanta: Juan Musso, Djimsiti, Isak Hien, Kolasinac (Giorgio Scalvini, 45′), Zappacosta (Hans Hateboer, 84′), Éderson, Koopmeiners, Matteo Ruggeri (Rafael Tolói, 90+1′), De Ketelaere (Mario Pašalić, 57′), Gianluca Scamacca (El Bilal Touré, 84′), Ademola Lookman

Suplentes não utilizados: Marco Carnesecchi, Francesco Rossi, Emil Holm, Marten de Roon, Mitchel Bakker, Michel Ndary Adopo, Miranchuck

Treinador: Gian Piero Gasperini

Bayer Leverkusen: Matěj Kovář, Josip Stanišić (Victor Boniface, 45′), Jonathan Tah, Tapsoba, Frimpong (Nathan Tella, 81′), Xhaka, Palacios (Robert Andrich, 69′), Hincapié, Florian Wirtz (Patrik Schick, 81′), Amine Adli, Grimaldo (Adam Hložek, 69′)

Suplentes não utilizados: Lukas Hradecky, Niklas Lomb, Kossounou, Jonas Hofmann, Borja Iglesias, Arthur, Gustavo Puerta

Treinador: Xabi Alonso

Golos: Ademola Lookman (12′, 26′ e 75′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Djimsiti (22′), a Florian Wirtz (35′), a Gianluca Scamacca (25′), a Zappacosta (60′), a Tapsoba (68′), a Koopmeiners (70′), a Robert Andrich (73′)

“Eles são uma equipa muito organizada. Para além da qualidade dos jogadores, com muitas soluções, não só no ataque. É uma equipa flexível, que defende muito bem e contra-ataca muito bem. É uma equipa forte, vai causar-nos problemas. Mas nós também somos uma equipa forte. Vamos entrar no jogo com a consciência de que estamos diante de uma grande equipa, os números e as performances ao longo dos meses falam por si. No entanto, ao longo da época, também enfrentámos outras equipas muito fortes, tanto em Itália como na Europa”, disse o treinador italiano na antevisão da partida.

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Para o Bayer Leverkusen, para além de ser provavelmente um dos jogos mais importantes da história do clube, a final surgia mais de um mês depois da conquista inédita da Bundesliga e antes da decisão na Taça da Alemanha. E Xabi Alonso, que já deixou o legado de ter alcançado o que nunca ninguém tinha alcançado, corria o extraordinário risco de assinar mais um capítulo da própria dinastia na cidade alemã.

“Quando se chega a uma final e se está prestes a disputá-la, pouco importa se estás invicto há 51 jogos. Só temos de pensar em ganhar o próximo. No nosso caso, o de amanhã. Admito que estou entusiasmado, mas o meu trabalho resume-se ao pontapé de saída. Depois, quando a bola começa a rolar, é com os jogadores. Desde o início da época que nos temos vindo a preparar para desafios como este”, indicou o treinador espanhol, que ainda não tinha perdido qualquer partida esta temporada.

Assim, e com o capitão Marten de Roon a ser convocado mas a começar no banco por problemas físicos, Gasperini lançava Lookman e De Ketelaere no apoio a Scamacca, com Zappacosta e Ruggeri a surgirem abertos nos corredores. Já Xabi Alonso tinha Florian Wirtz e Frimpong nas costas de Adli, com Grimaldo e Stanisic a serem os responsáveis pelas alas, e ainda contava com Patrik Schick, Boniface e Borja Iglesias como suplentes.

Os primeiros instantes da partida mostraram desde logo que a Atalanta não ia abdicar da marcação homem a homem que é o verdadeiro apanágio de Gian Piero Gasperini, encurtando todos os espaços dos jogadores do Bayer Leverkusen e anulando a possibilidade de transições na profundidade. Nesse sentido, o primeiro lance de perigo do jogo pertenceu mesmo aos italianos, com Scamacca a rematar ao lado depois de um desequilíbrio de Lookman e Ruggeri na esquerda (8′). 

O primeiro golo acabou por aparecer pouco depois e ainda dentro do quarto de hora inicial. Numa jogada de insistência após um canto, Zappacosta esticou o jogo até à linha de fundo e cruzou tenso e atrasado, com Lookman a aparecer nas costas de um congelado Palacios para desviar de primeira e abrir o marcador (12′). A Atalanta capitalizava a superioridade que ia demonstrando desde o apito inicial, o Bayer Leverkusen era penalizado por ter dado 15 minutos de avanço ao adversário.

A equipa de Xabi Alonso demonstrava muitas dificuldades para ganhar duelos ou sair da zona inicial de pressão da Atalanta e raramente chegava com perigo ao último terço contrário, com Stanisic a ter apenas um remate prensado que Juan Musso recolheu sem problemas (19′). Do outro lado, os italianos conseguiam desequilibrar quase sempre que aceleravam, com Scamacca a rematar por cima (20′) e Lookman a bisar ainda antes da meia-hora com um pontapé em jeito depois de um túnel em Xhaka a aproveitar uma saída de bola falhada (26′).

A melhor oportunidade do Bayer Leverkusen pertenceu a Grimaldo, que tentou um chapéu na cara de Musso mas permitiu a defesa do guarda-redes (33′), e a Atalanta ainda poderia ter aumentado novamente a vantagem com um remate forte de De Ketelaere que Kovář defendeu junto ao poste (43′). Ao intervalo, na final da Liga Europa, os italianos estavam a vencer os alemães — e, mais do que isso, estavam a ser muito melhores.

Xabi Alonso mexeu logo ao intervalo e trocou Stanisic por Boniface, enquanto que Gasperini realizou uma substituição aparentemente forçada ao lançar Scalvini para o lugar de Kolasinac. Depressa se percebeu que, sem recuar completamente as linhas, a Atalanta ia procurar gerir a vantagem e preocupar-se essencialmente com a manutenção do controlo do meio-campo. Ao mesmo tempo, apesar de ter mais bola, o Bayer Leverkusen continuava sem qualquer capacidade para criar perigo.

Gasperini voltou a mexer já perto da hora de jogo, refrescando o setor ofensivo com a entrada de Mario Pašalić, e os alemães construíram o primeiro lance de aparente perigo da segunda parte com um remate desenquadrado de Frimpong (59′). Xabi Alonso fez all in a cerca de 20 minutos do fim, trocando Palacios e Grimaldo por Andrich e Hložek, mas a Atalanta parecia não ceder e mantinha-se totalmente tranquila e segura no controlo do resultado.

Mas a noite já tinha um dono. Na sequência de uma transição rápida dos italianos, Scamacca arrancou na direita e temporizou, abrindo no lado contrário em Lookman: o avançado nigeriano recebeu, foi para cima do adversário, driblou já dentro da área e atirou cruzado e em força para carimbar o hat-trick e colocar um ponto final no jogo (75′). Xabi Alonso ainda colocou Patrik Schick e Nathan Tella, mas já nada mudou.

A Atalanta venceu o Bayer Leverkusen em Dublin, impôs a primeira derrota da época aos alemães e conquistou a Liga Europa, alcançado o primeiro troféu europeu da história do clube a capitalizando uma final onde foi sempre e constantemente superior. Oito anos depois de ter chegado a Bérgamo, Gian Piero Gasperini conseguiu: pegou na equipa que deve o nome a uma personagem da mitologia grega, escreveu o próprio mito e elevou o clube ao Olimpo.





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