Os resultados negativos registados pela TAP nos últimos dois trimestres (o último de 2023 e o primeiro de 2024) têm uma componente de sazonalidade, ainda que os acordos de empresa que repuseram os salários também representam um encargo adicional com impacto na empresa.
A explicação foi dada esta terça-feira pelo administrador financeiro da TAP aos deputados da comissão de economia e obras públicas. Gonçalo Pires referiu que as companhias aéreas vendem bilhetes nos primeiros meses do ano, mas a grande maioria dos voos é realizada no Verão IATA, a partir de abril. A venda só entra na demonstração dos resultados quando os voos se realizam, acrescentou.
O administrador lembra ainda que em 2023, ano de recorde de lucros na TAP, o primeiro trimestre também foi marcado por prejuízos. E revelou a expectativa de que os resultados do segundo e terceiro trimestres, tradicionalmente fortes na aviação, tragam resultados positivos. A expectativa é a de que 2024 seja também um ano de resultados positivos.
Custos com pessoal da TAP dispararam e levaram a prejuízos no último trimestre de 2023
Sobre os custos, Gonçalo Pires assinala dois fatores: os custos com pessoal que representam um encargo adicional face aos acordos assinados no ano passado e os combustíveis e que descreve como um dos desafios que a empresa teve de importar face ao plano de reestruturação negociado. O gestor assinala que a empresa tem feito uma gestão pró ativa dos contratos de compra, o que lhe permite voar com preços mais baixos do que os registados no mercado.
O administrador financeiro foi chamado pelo Chega e pelo PSD para explicar os resultados negativos, num requerimento que inclui também a audição ao presidente executivo, Luís Rodrigues. Confrontado com números relativos a empresas concorrentes europeias que mostram uma receita maior por passageiro, Gonçalo Pires assinala que companhias como a Air France KLM e Lufthansa tem benefícios pela escala que lhe permitem potenciar as receitas e reduzir os custos. “A escala interessa. É mais rentável se tiver mais aviões”.
O gestor referiu ainda que a TAP tem uma frota mais cara porque foi comprada ao mesmo tempo e com recurso a endividamento, ao contrário de outras grandes companhias que têm capital próprio para estas aquisições. Gonçalo Pires argumentou ainda que a Lufthansa e Air France já devolveram as ajudas públicas — dadas sob a forma de empréstimos e não capital como aconteceu com a TAP — por razões de estratégia.
As duas companhias, que também são potenciais candidatas à privatização da TAP, só podiam avançar com aquisições depois de reembolsarem os respetivos estados. A Lufthansa está a comprar a ITA e a Air France negoceia uma participação minoritária na SAS.