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Gronelândia, Canadá e canal do Panamá. Os três territórios que Trump quer “comprar” – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Dez 26, 2024


No dia de Natal, Donald Trump faz compras na Amazon. No carrinho de compras online do Presidente eleito dos Estados Unidos estão apenas três coisas: o Canadá, a Gronelândia e o canal do Panamá. A montagem foi partilhada nas redes sociais pelo seu filho, Eric Trump, com a legenda “Estamos mesmo de volta!!!” e resume uma série de declarações que Trump tem feito ao longo das últimas semanas e que deixou claras na sua própria mensagem de Natal — a vontade de tornar estes três territórios parte dos Estados Unidos durante os próximos quatro anos.

Canadá, Gronelândia e canal do Panamá têm pouco mais em comum para além da relativa proximidade geográfica aos Estados Unidos. Além disso, nenhum deste casos foi o foco direto da campanha eleitoral de Donald Trump. Porém, na visão do Presidente eleito em novembro, podem ser a chave para desbloquear muitas das promessas de política externa que foi deixando ao longo dos últimos meses.

O “negócio” mais realista é o da Gronelândia, que já tinha sido sugerido na primeira administração Trump, mas foi interpretado como uma piada e travado pela Dinamarca. “Agora, não há muitas pessoas que estejam a rir-se“, argumenta o especialista em Segurança no Ártico, Marc Jacobsen, ao New York Times. Já o canal do Panamá pode ser um palco para fazer um braço de ferro com a China. E o Canadá uma forma de levar a cabo a sua política alfandegária. Mas que viabilidade podem ter estes desejos de Natal de Donald Trump?

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Dos três territórios, este é aquele com que Donald Trump tem mais história. Em 2019, o Presidente classificou-o como “um grande negócio imobiliário”. Desta vez, o foco está nos “propósitos de Segurança Nacional e de Segurança“. “Os Estados Unidos da América entendem que a posse e o controlo da Gronelândia são uma necessidade absoluta”, escreveu Trump na sua rede social Truth Social, no passado domingo.

O que é que a Gronelândia tem? E Trump quer mesmo comprar?

À data, o interesse de Trump pelo território tinha duas facetas. Por um lado, uma dimensão geo-estratégica, de fortalecer a presença norte-americana nos vários pontos do globo — os Estados Unidos já têm uma base no norte da Gronelândia, mas a ascensão internacional da China já fazia surgir a necessidade de maior afirmação norte-americana. Por outro lado, de exploração de recursos, já que o território é rico em recursos naturais, entre os quais se destacam minerais raros utilizados na construção de novas tecnologias. Porém, esta exploração é difícil e, em 2019, os especialistas classificavam-na como pouco compensatória para os Estados Unidos.

Cinco anos depois, a Gronelândia ganha mais um ponto de interesse, uma vez que o degelo está a levar à abertura de novas rotas comerciais no Ártico. O controlo norte-americano do território passaria agora a ter valor económico acrescido para Washington. Isto leva Donald Trump a classificar a compra da Gronelândia como um negócio proveitoso. Sherri Goodman, antiga oficial do Pentágono e analista do think tank Wilson Center, sublinha que esta política não é “louca”, mas semelhante a outras que os Estados Unidos já assumiram no passado.





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