O Hospital Santa Maria esclareceu este sábado que não tem conhecimento formal do processo de fiscalização instaurado pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), considerando que não é correto dar a entender que existe um surto de legionella.
Este esclarecimento decorre de um comunicado da IGAS divulgado na sexta-feira, de que instaurou um processo de fiscalização ao controlo de legionella no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que se inicia na segunda-feira e incide sobre o serviço de Dermatologia.
Legionella detetada no serviço de dermatologia do hospital de Santa Maria. Pelo menos um doente foi infetado
Em comunicado, o Hospital Santa Maria refere que sabe da instauração do processo “por notícias decorrentes de um seu comunicado”, acrescentando que tal decisão não é do conhecimento formal do Conselho de Administração da ULSSM [Unidade Local de Saúde de Santa Maria]”.
Na nota, a unidade esclarece, “com a preocupação natural e legítima de preservar a confiança dos 350.000 cidadãos” que estão na área da influência direta, “que não há casos de legionella no Hospital de Santa Maria e que as duas análises ao Serviço de Dermatologia deram resultado negativo, conforme documentos recebidos da SP [Saúde Pública]”.
O Hospital Santa Maria sublinha ainda que “tem um plano de reação rápida, que tem funcionado exemplarmente, e uma comissão técnica que monitoriza este risco, pelo que não é correto e justo” dar a entender que a unidade “tem um surto de legionella”.
Segundo os registos da base laboratorial, “em 2023 foram diagnosticados na ULSSM dois casos de legionella, com origem na comunidade; em 2024, foram diagnosticados quatro casos de legionella com origem na comunidade e dois com ‘link’ nosocomial”, indica a instituição.
A Unidade Local de Saúde de Santa Maria “tem um rigoroso plano de prevenção e controlo da legionella e uma comissão específica dedicada à monitorização nesta área” e “são realizadas periodicamente análises à água utilizada em diversos pontos, por exemplo e desde logo, no Hospital de Santa Maria, de acordo com uma classificação de risco”, acrescenta a instituição.
No último ano, foram realizadas, “de forma proativa e preventiva, 360 análises de rotina à legionella no Hospital de Santa Maria, unidade com 60 quilómetros de canalizações, perto de três mil torneiras e 240 duches, na qual são de forma recorrente levadas a cabo as melhorias estruturais consideradas adequadas”, assegura.
Ainda de acordo com o Hospital Santa Maria, a legionella “é uma bactéria frequentemente encontrada na água, por vezes de forma intermitente, sendo transmitida através de aerossóis e mais raramente com deglutição/refluxo” e, dada a sua forma de transmissão, constitui um problema de saúde pública e está sujeita a uma regulação específica.
Quando existem pesquisas positivas, “elas são de imediato comunicadas à autoridade de Saúde Pública e são desencadeadas medidas corretivas e posteriores análises de controlo, sempre em estreita colaboração com a SP” e “qualquer diagnóstico de Doença dos Legionários efetuado em internamento ou ambulatório é notificado à Saúde Pública através de duas vias independentes: uma notificação da base laboratorial (SINAVE LAB) e outra de base clínica (SINAVE MED)”, explica.
Sobre a análise positiva noticiada há semanas por um media ‘online’, prossegue, o Hospital Santa Maria garante que “seguiu todos estes trâmites, facilmente comprováveis, tendo por isso sido desencadeada uma intervenção adicional da Saúde Pública, que constatou a negatividade da água nesse serviço fruto das imediatas medidas de controlo e segurança efetuadas”.