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Independentismo catalão ficou ferido, mas não de morte. Puigdemont quer governar e pressiona ERC e Sánchez – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Mai 13, 2024

“Vejo-me presidente, sim. Caso contrário não me apresentaria a uma investidura. Não faria este teatro.” Numa conferência de imprensa na localidade francesa de Argelès-sur-Mer esta segunda-feira, o ex-presidente do governo regional da Catalunha e líder do partido Junts per Catalunya, Carles Puigdemont, parecia convencido de que poderá liderar novamente a Generalitat. De calculadora na mão, o responsável político, que espera regressar a Espanha após a lei da amnistia ser aprovada (provavelmente a 30 de maio), revelou de que forma poderia governar. Precisa de contar com o apoio dos seus eternos rivais regionais — a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) — e ainda com a abstenção dos socialistas.

“Podemos somar uma maioria coerente, mais ampla do que a que pode formar o candidato socialista”, declarou. Este tom confiante de Carles Puigdemont ignora o facto de que o Partido Socialista da Catalunha (PSC) foi o grande vencedor das eleições para o Parlamento regional catalão, realizadas este domingo. Os socialistas obtiveram 27,96% dos votos e elegeram 42 deputados, ao passo que o Junts per Catalunya se ficou pelos 21,61% e 35 parlamentares.

Foi a primeira vez que os socialistas ganharam as eleições catalãs em número de deputados, ainda que já tivessem sido vencedores em termos percentuais em 2021 (naquele ano, os socialistas obtiveram 22,7%, a ERC ficou-se pelos 20,99% e o Junts não foi além dos 19,78%). Além disso, noutras más notícias para os partidos independentistas, esta foi a primeira vez desde 1984 que as formações políticas que defendem a autodeterminação da Catalunha não obtiveram maioria absoluta na Generalitat.

“Houve uma mobilização do eleitorado unionista como consequência da estratégia de espanholização [da vida política catalã], que denunciámos e que foi promovida pelo PSC”, lamentou Carles Puigdemont no discurso deste domingo, indicando que uma “parte significativa do eleitorado independentista” não se mobilizou e optou por abster-se nestas eleições. De qualquer modo, o Junts conseguiu aumentar o número de votos e de deputados face a 2021; a maior prejudicada foi mesmo a Esquerda Republicana.

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Por sua vez, os socialistas festejaram o que dizem ser uma “nova etapa” na vida política catalã. O candidato Salvador Illa enfatizou a importância do chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, na campanha e garantiu que assumirá a “responsabilidade” de tentar uma investidura, ainda que não conte com uma maioria absoluta. Para isso, precisará ou de se unir ao Junts, ou então a solução que o PSOE vê como mais desejável: uma coligação de esquerda entre o PSC (42), a ERC (20) e o Comuns Sumar (6), do partido da vice-presidente do governo, Yolanda Díaz. Os três somariam 68 parlamentares, o número exato de deputados para ter maioria na câmara.

O problema? A disponibilidade da Esquerda Republicana da Catalunha, que obteve um péssimo resultado nestas eleições, passando de força independentista hegemónica na região a um terceiro lugar com cerca de 13% dos votos. Os principais dirigentes da ERC já prometeram uma reflexão e o líder parlamentar e presidente do governo catalão demissionário, Pere Aragonès, anunciou esta segunda-feira que vai abandonar a “primeira linha” da vida política e que não vai assumir o mandato de deputado na comunidade autonómica.





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