No estudo, que esteve em consulta até abril, faz-se uma avaliação positiva do impacto que a intervenção nos aeroportos vai ter no arquipélago, cuja economia depende em cerca de 25% do turismo.
Espera-se que a remodelação atraia mais visitantes e esse aspeto está refletido em várias das recomendações.
Entre elas, sugerem-se “mecanismos para gerir a pressão sobre o mercado imobiliário e o custo da habitação, devido ao aumento do turismo e da procura de trabalhadores, minimizando a tendência de degradação das condições sociais”.
Esta ideia sobre imobiliário e habitação surge três vezes, em diferentes capítulos, ligados à qualidade de vida, valores e recursos naturais e coesão comunitária, no documento, consultado pela Lusa.
Propõe-se mesmo que sejam estabelecidas “obrigações para os operadores turísticos criarem condições de habitação para os trabalhadores dos empreendimentos”.
Na lista, recomenda-se também que haja articulação entre o turismo e a gestão de infraestruturas e abastecimento de água, “de forma a analisar a capacidade de resposta das diversas ilhas perante um potencial aumento de visitantes”.
Concretamente sobre a ilha da Boavista, sugerem-se formas de aumentar o contacto e os benefícios das populações locais com a presença de visitantes na ilha, por exemplo, implementando “circuitos de autocarro gratuitos ou com preços controlados, para que os turistas possam circular mais facilmente, em vez de ficarem isolados nos hotéis”.
As referências ao expectável aumento da pressão turística surgem por várias vezes numa avaliação com poucos pontos negativos.
“Verifica-se que existe um contributo com uma tendência positiva, muito significativa” e “os casos em que há ligeiras tendências negativas correspondem a situações que podem ser minimizadas, quer pelas recomendações, quer pelas medidas que forem assumidas”, indica-se no documento.
Por outro lado, as propostas envolvem responsabilidades que extravasam “o âmbito de competências e capacidade de intervenção do plano e da Cabo Verde Airports, cabendo a diversas entidades da administração pública”.
Ao nível das recomendações mais amplas, a avaliação propõe uma alteração à lei do mecenato “que obrigue quem investe no país à realização de investimentos socioeconómicos”.
Há também sugestões ao nível da produtividade agrícola, cuidados de saúde, gestão de água e de resíduos.
Em relação à ilha do Fogo, sugere-se uma ponderação sobre “a efetiva necessidade de voos noturnos, salvaguardando as situações de transferência noturna, através da instalação de um sistema de iluminação de emergência”.
Em São Vicente, recomenda-se outra localização para o loteamento de expansão de São Pedro, povoação costeira, junto na cabeceira da pista do aeroporto Cesária Évora.
O movimento internacional de passageiros bateu novo recorde nos aeroportos de Cabo Verde, em 2023, com mais de dois milhões de passagens (chegadas e partidas), segundo dados da Agência de Aviação Civil (AAC).
O Governo cabo-verdiano concessionou no último ano o serviço público aeroportuário à Cabo Verde Airports, firma de direito cabo-verdiano do grupo Vinci.
O objetivo é “expandir e modernizar” os quatro aeroportos internacionais internacionais (Boavista, Praia, Sal e São Vicente) e três aeródromos (Fogo, Maio e São Nicolau) do país com um plano de investimentos a 40 anos.