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Uma visita secreta à Rússia e uma viagem oficial aos Estados Unidos que começou em Mar-a-Lago e só depois seguiu para a Casa Branca. Foi o itinerário de Ron Dermer, ministro israelita dos Assuntos Estratégicos, nas últimas semanas, com o objetivo de finalizar um acordo de cessar-fogo no Líbano para apresentar a Donald Trump como presente de inauguração, relata o The Washington Post.
A proposta, que estará a ser finalizada esta semana, já foi apresentada a Donald Trump e a um dos seus conselheiros mais próximos, Jared Kushner — que deverá assumir um papel mediador no Médio Oriente — na reunião do passado domingo, dia 10. A pressa de Telavive relativamente a este tema prende-se com os prazos da tomada de posse do Presidente eleito para o seu segundo mandato.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quer pôr um fim à ofensiva no Líbano até à tomada de posse nos Estados Unidos, para que o republicano possa regressar à Casa Branca com uma das suas promessas de campanha já cumprida, a de “pôr fim à guerra em 24 horas”. “Há um entendimento que Israel deve oferecer algo a Trump, que em janeiro já haverá um acordo sobre o Líbano”, avançou um oficial israelita ao jornal norte-americano, sob anonimato.
Porta-voz diz que Trump quer fim da guerra com “vitória decisiva” de Israel
Apesar do foco em Trump, Dermer, um dos membros do círculo interno de Netanyahu, seguiu na mesma para Washington, onde esteve reunido com o Presidente Joe Biden no início da semana. Especialistas ouvidos pelo Washington Post pressupõem que Netanyahu deverá querer aguentar uma pausa temporária nos combates, mesmo sob a administração democrata.
De forma oficial, o porta-voz do ministro israelita disse apenas que Dermer, Trump e Kushner discutiram vários assuntos. Porém, de acordo com as fontes israelitas, esta proposta foi posta em cima da mesa em Mar-a-Lago. Os detalhes parecem ser semelhantes à proposta que já foi apresentada pelos Estados Unidos: retirada do Hezbollah do sul do Líbano, mediação de Washington e Londres e uma salvaguarda para Telavive, que poderá continuar a agir nos limites daquilo que definem como legítima defesa, algo que fontes libanesas já disseram que é inaceitável.
60 dias de trégua, sete dias para retirada israelita e monitorização internacional. O que inclui a proposta de cessar-fogo no Líbano?
A grande mudança neste plano? A mediação de Moscovo, o que explica a visita secreta de Dermer, a 27 de outubro, relatada por oficiais israelitas ao jornal. A Rússia deverá intervir para impedir que o Hezbollah utilize rotas na Síria para se rearmar, cumprindo assim a parte do acordo relativa ao desarmamento desarmamento do grupo xiita libanês, acrescentam oficias norte-americanos.
Mas um outro oficial israelita, militar, ressalva: caso este acordo falhe, a invasão no Líbano vai aumentar de escala. Ou seja, pelas palavras ou pelas armas, Netanyahu quer pôr fim à frente no Líbano, até 20 de janeiro.