João Oliveira, cabeça de lista da CDU às eleições Europeias, defende que a proposta para uma Comissão de Inquérito à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem de ser “avaliada em função daquilo que efetivamente sejam motivos que a justifiquem”.
O candidato mostra, em entrevista à CNN Portugal, não ter certezas de que “já estejam esgotadas todas as possibilidade de obter esclarecimentos sobre esta situação, a partir do funcionamento normal das comissões permanentes”. “Normalmente é um critério que pesa porque naturalmente entendemos que numa circunstância em que seja efetivamente necessário recorrer à Comissão Parlamentar de Inquérito, esse instrumento deve ser utilizado, mas não em excesso”, argumenta.
Questionado sobre a escolha de Paulo Alexandre Sousa para provedor da Santa Casa, João Oliveira tece críticas à forma como o Governo “vai de alguma forma marcando a agenda com este tipo de decisões de substituição de dirigentes da administração pública”: “Não tem soluções para a saúde? Substitui um dirigente. Não tem solução para a proteção social? Substitui outro dirigente. Não tem resposta para dar aos políticas e às forças de segurança? Substitui diretores nacionais. Isto é uma opção de quem não tem verdadeiramente soluções para os problemas do país.”
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Sobre se vê saneamento político nas exonerações de que fala, o candidato da CDU para as eleições do próximo dia 9 de junho fala em “aspetos muito diferenciados” entre elas. No entender de João Oliveira, há “sobretudo uma desconfiança relativamente a demissões de dirigentes, como é o caso de Ana Jorge, que fez trabalho de auditoria da Santa Casa relativamente a decisões que foram tomadas por administrações anteriores que aparentemente são lesivas do interesse público”.
Por isso, o comunista considera que “era bom” que o Governo apresentasse “justificações mais sólidas” para a saída de determinados dirigentes da Administração Pública.
Sem “arriscar” apontar objetivos quanto ao número de eurodeputados que a CDU pretende conquistar nas Europeias para não ser acusado de fazer “apostas indevidas”, João Oliveira defende que é necessário “pôr às claras a forma falsa e mentirosa como a extrema-direita em muitas circunstâncias se apropria de um discurso e de posições políticas que verdadeiramente têm apenas como objetivo esconder o seu projeto político ademocrático”.
“Ninguém pode ter a expectativa de encontrar soluções para os seus problemas na extrema-direita, a não ser naturalmente as multinacionais, os grupos económicos, os banqueiros, os especuladores. Esses contarão sempre com a extrema-direita como a versão musculada, violenta e repressiva da política que serve os seus interesses”, salienta o candidato da CDU às Europeias, acrescentando que “todos aqueles que têm anseio e aspiração de viver numa sociedade democrática” devem combater junto aos comunistas.
Quanto ao voto contra do PCP ao pacto europeu para a Migração e Asilo, João Oliveira justifica que se deveu ao facto de dar “expressão a todas as concessões que a extrema-direita defende”. “É um instrumento que transforma a vida humana num elemento de valor relativo em função da visão utilitarista que se tem e instrumental que se tem dos imigrantes”, sendo que a CDU defende uma concessão “humanista e solidária”. E parte da ideia de “que é possível integrar e acolher” em Portugal imigrantes em condições que “garantam os seus direitos nas mesmas condições que devem ser garantidos a todos os cidadãos”.