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Na primeira ação de campanha depois da tentativa de assassinato de Donald Trump, no passado sábado, o Presidente norte-americano, Joe Biden, discursou, esta terça-feira, na Convenção da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP na sigla em inglês), em Las Vegas, onde, entre ataques às políticas do adversário republicano e mensagens dirigidas às comunidades negras, apelou ao fim das armas nas ruas.
Assim, o candidato democrata à Casa Branca começou por reprovar com veemência qualquer tipo de violência contra figuras políticas — como o o caso de Donald Trump — ou mesmo contra qualquer norte-americano, defendendo uma imagem de união entre cidadãos apesar das diferenças. “Como deixei claro durante a minha presidência, todos temos a responsabilidade de acalmar os ânimos e condenar a violência sob qualquer forma. Os norte-americanos não são inimigos, somos vizinhos, companheiros norte-americanos”, começou por dizer.
Donald Trump. “Ouvi um zumbido, tiros e senti imediatamente uma bala a rasgar a pele”
“Nós sabemos a dor e o preço da violência. Se vamos falar sobre estar contra a violência, temos de estar contra toda a violência”, acrescentou ainda, aproveitando o momento para usar o ataque contra Trump no contexto de uma das principais bandeiras políticas democratas: maior controlo de armas nos EUA.
Se é “para falar sobre violência”, deve-se falar “sobre armas”, defendeu então Biden, lembrando como os tiroteios atingem a camada mais nova da sociedade dos EUA: “Mais crianças nascidas nos EUA morreram na sequência de tiroteios do que por qualquer outra razão. Isto é doentio”, acusou, antes de deixar uma sugestão de segurança, novamente com o caso Trump como ponto de partida.
Foi utilizada uma AR-15 no tiroteio contra Donald Trump. Esta foi a arma que matou tantos outros, incluindo crianças. É altura de as proibir”, defendeu.
“Se querem acabar com a violência, juntem-se a mim e vamos tirar as armas das ruas da América”, disse, depois de ter relembrado diferentes casos de violência no país, alguns contra a comunidade negra — como George Floyd. “É altura de proibir quem atenta contra a vida de outros. Eu fi-lo uma vez e vou fazê-lo outra vez”, prometeu.
Biden e democratas pressionam pela proibição de armas semiautomáticas
Ainda que o ataque contra o candidato republicano à presidência seja o tema político do momento nos EUA, a verdade é que as dúvidas sobre as capacidades de Biden para poder continuar na Casa Branca não diminuíram desde sábado. A quem defende a sua saída da corrida presidencial, o Presidente dos EUA deixou a garantia de que não vai desistir. “Aqui está o que eu sei. Eu sei como dizer a verdade. Eu sei o que é errado e o que é certo. Eu sei como desempenhar esta função. E sei que Deus não nos acompanhou até aqui, para agora nos deixar. Há mais trabalho para fazer”, declarou.
Momentos antes, também numa aparente resposta aos democratas que defendem a sua saída da corrida à presidência, Biden tinha recordado as palavras do antigo presidente norte-americano Harry S. Truman para fazer um paralelismo. “’Se queres um amigo em Washington arranja um cão’, disse Truman. Sabem que mais? Nas últimas semanas percebi o que ele queria dizer”, confessou. Apesar do melindre da afirmação, ouviram-se risos na plateia.
Embora tenha admitido ser importante “acalmar os ânimos”, Biden não se inibiu de continuar a “dizer a verdade” e criticar Trump. Atacou políticas adotadas pelo adversário republicano enquanto este esteve na liderança da Casa Branca, acusando-o de ter tentado limitar os cuidados de saúde, de ter reduzido os impostos “para beneficiar os mais ricos e as maiores corporações” e de ter tido uma “má gestão” da pandemia da Covid-19. “Ele impediu que implementássemos medidas que impactam a vida das pessoas e que fazem crescer a economia”, assegurou.
Não esquecendo a plateia que o ouvia, Biden defendeu ainda que a “presidência de Donald Trump foi um inferno para os negros”. Ao evocar as falsas acusações de Trump sobre Barack Obama no passado e os comentários que o candidato republicano fez durante o primeiro debate sobre as “profissões de negros”, Biden deixou a sua visão sobre a comunidade negra: “Eu digo-vos o que é uma profissão para um negro. É ser vice-presidente dos Estados Unidos da América”, numa referência a Kamala Harris. E não se ficou por aqui: “Eu sei o que é um emprego para um negro. O primeiro presidente negro… Barack Obama”, complementou.
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